Quem disse que os pássaros não conversam? Pois é, amigos, conversam sim!
Já prestaram a atenção nos bem-te-vis? Eles "conversam" entre si, fazem perguntas, uns aos outros e obtêm respostas. Enquanto um grita - "bem-te-vi...", um outro, ao longe responde - "...te-vi..." e, ainda outro, mais longe, ajunta - "...viii...". Em alguns momentos a "conversa" fica tão animada que um deles repete quatro ou cinco vezes, seguidas - "bem-te-vi..." e por um segundo aguarda a reposta dos companheiros que vem no mesmo tom. Às vezes fico a imaginar o que eles dizem. Devem falar dos homens, de suas maldades, do seu descaso com a Natureza e com seus semelhantes; da violência, do ódio, da intolerància que grassam entre nós humanos; de liberdade, tomando como exemplo eles próprios que, se aprisionados, morrem em poucas horas. Não são como os canários que, mesmo presos, cantam para alegrar a quem os privou da liberdade. Quem já ouviu o canto do canário livre, percebe a diferença que há entre os seus trinados e os do engaiolado. "Nenhum ser, privado de liberdade, canta de alegria". São palavras sábias de uma senhora de 90 anos, que tem, em seu apartamento, no segundo andar de um prédio, na área de serviço, uma mesa onde põe, todas as manhãs, migalhas de pão e água para um visitante muito importante: um pardal.
A visita é sagrada. Chega à s sete da manhã, come as migalhas, bebe a água e parte pelo mesmo lugar por onde entrou: a janela. Outro dia, disse-me a velha senhora, que o pássaro trouxe um amigo, outro pardal. Enquanto eles comiam avidamente, a senhora falava baixinho com eles, a distància, claro, e, em um dado momento eles pararam de comer e olharam para ela, fazendo, os dois, um pequeno ruído, como a indagar: - "Quem és, ser estranho, que perturbas o nosso desjejum?" e voltaram a comer.
Vamos prestar atenção à "conversa" dos pássaros lembrando sempre que a Natureza nasceu de um momento de amor entre Deus e a Terra.