Na gíria do futebol, designa-se "rifar a bola", quando o cara dá um chutão na pelota para o campo adversário, na esperança de que algum companheiro de time tenha a sorte de a pegar. O melhor exemplo que me vêm à cabeça é o da final do Brasileirão de 1996, quando o Grêmio derrotou a Portuguesa no final do jogo. Não lembro quem deu o chute na bola que estava no meio de campo, mandando em direção à área da Portuguesa. A bola acabou sobrando para o Aílton, que deu um canhão. Resultado: a bola entrou, o Grêmio marcou 2 a 1 e foi Bi-Campeão Brasileiro, para meu desespero, lógico. O Aílton, bom, esse eu nunca mais vi, dizem que anda por aí...
Sei que eu achei o Caio. Tal qual o Aílton, ele esperava uma bola rifada. Se o Caio jogasse bem provavelmente não ia jogar no Colorado, meu time do coração, pois sabemos que o Inter só contrata ex-jogadores. Caio não era nenhum craque, não tinha nome e nem tinha defendido a seleção do Luxemburro. Se ele tivesse juízo, teria certeza de que no final do jogo quando falasse "O importante é que o grupo estamos unidos e agora é manter a concentração para a próxima partida", seria a primeira e última vez.
Dizem os mais experientes que quem rifa a bola não tem "catiguria". Havia quatro meninas rifando bola pro Caio, parecia jogo de várzea, e ele, faceiro, ia escolhendo até achar a melhor. De cara despachou a primeira bola, complexada, morava com o pai separado. Depois despachou uma bola que estava mais cheia, na região da barriga. "O Caio é craque", gritava a torcida, e se o Ben Jor tivesse visto ele jogar teria composto "Caio maravilha, precisamos de você". Sobrou duas. Escolheu a melhor bola, e as outras, bom, bola rifada tem dessas. Umas entram, outras só servem prá desqualificar o jogo.
Caio ganhou a partida. Nesse dia foi craque. Dá-lha Caio!
Em tempo: "rifar a bola" não é uma coisa inerente ao futebol. A última que vi foi no novo programa da MTV, o "Fica Comigo". Caras e minas vão até o site da emissora, fazem um cadastro e podem participar do tal programa. Então uma vez por semana, um deles/delas protagonizam uma escolha inusitada: sem ver o rosto de seus pretendentes (quatro que também se cadastraram no site), eles devem optar por um deles/delas, apenas pelo papo, pelo toque na mão e pelo toque no corpo.
Bola rifada é foda. Te vira Caio, pois o jogo é de campeonato.