Quinhentas vezes eu bati à s portas da Usina trazendo a minha bagagem de coisas supérfluas, rimas partidas, frases desconexas, sussurros e gritos, risos e prantos, medos e destemores, beijos e tapas, vida e morte, enfim, fatias da imaginação, retalhos do cotidiano.
E vou transferindo aos leitores as emoções que ponteiam em minha vida...
Eu me recordo de uma cena, no Rio de Janeiro, no restaurante da Caixa Económica, quando um poeta daqui, cearense como eu, aos gritos, recitava o trecho de um poema de meu pai, brincando e dizendo: este poema é meu! Ele pensou na minha condição, na minha vida, no que eu sinto e penso, por isso que o poema é meu.
Então, pela vida a fora, a gente vai arremessando as flores do nosso jardim aos ventos e ao solo, na esperança de que, ainda que um breve minuto, levem arrebatamento e deixem nas mãos de quem as segura, um leve traço de perfume.