O PROFESSOR RICARDO NJAIM, MEU AMIGO, ME COBROU: VOCÊ QUE TEM UMA FORMAÇÃO UBAENSE, PORQUE NÃO ESCREVE SOBRE UBÁ?
A VONTADE É MUITA MAS O RESPEITO, PARA NÃO DIZER MEDO, É MAIOR. TAMBÉM O DIRETOR DESTE JORNAL JÁ ME PEDIU ISSO.PENSANDO BEM, TENHO ALGUM DIREITO E SEI QUE SOU TOLERADO EM UBÁ, ONDE TIVE A MINHA FORMAÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA E QUE, POSTERIORMENTE FOI CAMPO DE MINHAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS QUER COMO ADVOGADO MILITANTE, QUER COMO FUNCIONÁRIO FAZENDÁRIO. POR NATUREZA, SOU PRESO À GRANDE E CULTA CIDADE DA MATA MINEIRA, POR REGISTRO DE NASCIMENTO E BATISMO.
NASCI EM TUIUTINGA, QUANDO AQUELE DISTRITO PERTENCIA A UBÁ. FUI BATIZADO NA PARÓQUIA DE SAPÉ DE UBÁ, HOJE GUIDOVAL E MUNICíPIO COM JURISDIÇÃO NA COMARCA DE UBÁ. PASSANDO PELO GRUPO ESCOLAR DO SAPÉ, DA PROFESSORA VIOLETA, BRAVA E ENÉRGICA, FUI PARA O COLÉGIO BRASILEIRO, DA D. SINHÁ, PERTO DA PRAÇA SÃO JOSÉ, EM UBÁ. FIZ EXAME DE ADMISSÃO NO GINÁSIO UBAENSE DO PROFESSOR LíVIO CARNEIRO,DIRETOR TAMBÉM DA ESCOLA DE FARMÁCIA (ESCRITO COM PH) E ODONTOLOGIA. FIZ O PRIMEIRO ANO NO GINÁSIO MINEIRO RAUL SOARES E CONCLUí O GINASIAL NO GINÁSIO SÃO JOSÉ DO DR. FÉCAS, DIRIGIDO PELO DR. NEWTON CARNEIRO.
MEU PAI TEVE A FELIZ IDÉIA DE DESLOCAR-ME DO POMBAL OU BARRA DO GUIRICEMA E MANDAR-ME PARA O MAIOR CENTRO EDUCATIVO DA REGIÃO. A MINHA FORMAÇÃO FOI MOLDADA EM UBÁ, RAZÃO PELA QUAL SINTO-ME LIGADO POR ESTREITOS LAÇOS DE AMIZADE QUE,GRAÇAS AO LHANISMO DO SEU POVO SOU SEU PRISIONEIRO. ASSIM COMO TENHO FEITO, ESCREVENDO SOBRE REMINISCÊNCIAS DE RIO BRANCO, BERÇO DE MINHA ESPOSA E FILHOS, DANDO ALGO DE MIM EM PRÓL DE DE SUA VIDA SOCIAL, EDUCATIVA, ESPORTIVA E POLíTICA, DESCANSO COM MINHA JUBILAÇÃO PASSANDO O TEMPO COM ESTA COLUNA ( ONTEM & HOJE ) QUE RELEMBRA O PASSADO.
O PROFESSOR RICARDO TEM O DIREITO DE PEDIR E EU O DEVER DE ATENDER.VIVI EM UBÁ A INFÂNCIA, A PUBERDADE E PARTE DA MOCIDADE E LÁ ME APOSENTEI COMO FUNCIONÁRIO DO ESTADO. COMO ESPORTISTA QUE PROCUREI SER, TIVE TAMBÉM EM UBÁ, O MEU COMEÇO NO JUVENIL DO AYMORÉS, DO SR. DIDICO ANDRADE, DIRETOR DILIGENTE, DE OLEGÁRIO, CORONEL, ZINHO...
QUANTA COISA ME VEM À MEMÓRIA!...O LEILÃO NA MATRIZ DE SÃO JANUÁRIO, POR OCASIÃO DAS COROAÇÕES DO MÊS DE MARIA. O PERCURSO DOS ANJOS, ILUMINADOS POR FOGOS DE BENGALA E AGITADOS PELA VIBRANTE BANDA 22 DE MAIO , ROJÕES E FOGUETES DE LÁGRIMAS SE CONSTITUIAM NA OBRIGAÇÃO DIÁRIA DE TODO MÊS DE MAIO. TUDO ISSO CULMINAVA COM OS LEILÕES ARREMATADOS PELA MENINADA, DE PENCAS E CACHOS DE FRUTAS. A CONFUSÃO QUE DAVA OBRIGOU UM COMANDO DISCIPLINADOR E A DIVISÃO DE PARÓQUIAS ENTRE OS BANDOS CHAMADOS QUADRILHAS. COM ISSO AS BRIGAS FORAM DESAPARECENDO E OS CHEFES OU LíDERES DE GRUPOS AGIAM COMO MEDIADORES.
NA MINHA INFÂNCIA UBAENSE PARTICIPEI, COM CERTA LIBERDADE, DA IMPETUOSIDADE INFANTIL, SEM O OLHAR DA CENSURA DOS PAIS QUE ESTAVAM DISTANTES E BURLANDO A GUARDA DE QUEM NOS TUTELAVA.
OS GRUPOS ORGANIZADOS DISPUTAVAM VERDADEIROS TORNEIOS DE BOLA DE GUDE, PIÕES, CARNIÇA E PELADAS DE FUTEBOL NAS MARGENS DAS IGREJAS SÃO JANUÁRIO E DO ROSÁRIO, SENDO AS PARTIDAS MAIS IMPORTANTES NO CAMPO DO TUPI, ATRÁS DA ESCOLA DE FARMÁCIA, NA RUA SANTA CRUZ. O ROUBO DE FRUTAS NOS QUINTAIS ALHEIOS, HAVIA, MAS SEM PERMISSÃO DO CHEFE. A MAIOR VíTIMA ERA O PÉ DE JAMBOSA DO DR. EUCLIDES, PAI DO ALCESTE E DO ARTISTA UBAENSE MAURO MENDONÇA.
NÃO HAVIA OS PERIGOS DE HOJE. O VíCIO ADQUIRIDO FOI O DE FUMAR, DEIXADO NA MATURIDADE CONSCIENTE.AS MATINÊS DO CINEMA, FITAS EM SÉRIE,ERAM VIBRANTES E O MOCINHO APLAUDIDO ENQUANTO QUE OS BANDIDOS ERAM VAIADOS. HOJE PARECE,SINTO E VEJO QUE O MEU PASSADO E MINHA INFÂNCIA FORAM BELOS.
DE TODO ESSE PASSADO QUE JULGO PRIVILEGIADO, GUARDO SEGREDOS QUE FORAM TRANCADOS NO CORAÇÃO DA FIDELIDADE IMPOSTA AOS QUE DETÊM O QUE SE CONVENCIONOU CHAMAR DE CONFIANÇA.
O RETORNO AO PASSADO ME FAZ REVIVER O ÚTIL E AGRADÁVEL.
FUI MOLDADO EM UBÁ E CREIO, PARA O BEM. VIVI A LIBERDADE E ELA NÃO ME MALTRATOU. SOU GRATO A UBÁ E GOSTO DE SUA GENTE.
(Publicado no jornal VOZ DE RIO BRANCO , em 13 de maio de 1990)
AH, que saudade de nossa prosa, de seus conselhos ,Dr. José Lima...
Permitam-me escritora e amiga Dona Maria, filhos e demais familiares dedicar este trabalho à s atuais e próximas gerações. RNN
