Parece que o caminho acabou por aqui. Não vejo saídas! Há muito não vejo saídas! Não estou dizendo que devo morrer. Não, não é isso! Longe de mim! Só estou dizendo que não sei para onde ir. Devo ir a algum lugar? Sim, preciso ir, andar, preciso me encontrar, embora ache isso um tanto improvável no momento.
Estou preso em minhas próprias limitações e medos e falta de vontade de potência. No momento, pareço um membro anestesiado, morto, sem poder de reação. Embora, não queira reagir e sim agir. Quero mudar, mas nada acontece, eu não aconteço. Quero ser normal: trabalhar, me matar de fazer coisas rotineiras, sociáveis, lícitas e ilícitas; quero ser útil para a engrenagem. Mas não sei como! Não sei como! Só sei ficar escrevendo neste caderninho de estudante, sem ter perspectiva. Qual meu tipo de niilismo? O que eu quero ser para este mundo? Não tenho nenhuma resposta.
Quanto mais o tempo passa e eu fico mais velho e experiente, mais sozinho eu tenho vontade de ficar; mais quero que todos caminhem seguros e em fila indiana rumo ao inferno. E paradoxalmente quero todos perto de mim. Não quero solidão, mas preciso dela, como o peixe da água, se é que todos os peixes, realmente, precisam da água.
Acho que perdi um pouco foco deste desabafo. Fiquei me prendendo em metáforas e parei de sentir o sangue na boca e a raiva nas veias do pescoço. O que eu quero dizer é que quanto mais me aproximo, mais sinto vontade de me afastar. Atomizado é a expressão da moda. Não sei se isto é saudável. Não sei o que é saudável. Sei que parece que as coisas estão chegando no fim, mesmo sendo ainda tão cedo.
Não, não vou me alongar mais. Não sei o que dizer; faltam-me os pensamentos. Só não quero que isso pareça a confissão de um suicida. Como eu disse anteriormente: Longe de mim! Perto do quê, então?