Lendo a crónica de Malu sobre a "Quase escolha de Sofia" pus-me a imaginar o doloroso drama de sua amiga. Não com a doença da mãe, em si, mas com a situação complicada de ter de trabalhar, para conseguir sobreviver e proporcionar conforto redobrado à mãe cuja doença assim o exige.
Após quatro anos de incansável labor, surge uma irmã, que talvez seja uma das três ajudantes que cuidam da anciã, e dá a sugestão de colocar a mãe numa "casa de repouso".
Difícil é julgar uma situação desse tipo, se não se passou por ela. Mesmo por que, além do desgaste físico de se cuidar de alguém, anos a fio, há também o estresse emocional, por ser alguém de nosso estreito afeto, a quem devemos praticamente tudo o que somos...
É verdade que a senhora não identifica mais os seus entes queridos... Sim... Mas, talvez por essa razão, necessite, mais ainda, da presença deles.
Creio que os olhos não reconhecem, mas o coração sempre reconhecerá. E sabe-se lá em que turbilhão interior viverá uma pessoa acometida desse mal.
Se me fosse facultado resolver a "quase escolha de Sofia", eu apenas colocaria uma questão:
- E se a situação fosse inversa... Será que a mãe colocaria a filha em uma "casa de repouso"?