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cronicas-->Viagens -- 03/10/2004 - 21:18 (Dolores de Paula) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Andar grandes distàncias sozinho é muito bom. Dias atrás, deixei casa, família e ganhei estrada. O que quero dizer é que, quando nos lançamos sozinhos, perdemos um pouco de nossa individualidade, nos misturamos à massa que, por "n" motivos, também se desloca. E eu me senti bem, uma Maria Ninguém. Ninguém sabia quem eu era, de onde vinha, para onde ia. Observava e era observada me beneficiando do anonimato, carregando malas e minha bagagem pessoal, a mais pesada: minha essência, com direito a baú de lembranças, impressões. Quantas coisas nos marcam a alma e nem nos damos conta - o que somos, o que sentimos, juízos de valor... Num primeiro momento estamos sempre acima de qualquer suspeita em relação ao outro, afinal, Ele é o diferente!

Mas, voltando às lembranças, acho que serei uma velha meio ou totalmente cheia de esquisitices e impressões. Devo parar pra pensar nessas coisas? A resposta imediata é bastar que me encarregue de viver.
Há tempos atrás, achava que poderia escrever e ficava meio incerta quanto a ser compreendida ou não. São pensamentos tolos, devaneios e nem sempre o tempo nos permite parar para darmos a devida atenção; a vida é corrida, resultados são esperados. No entanto, eu tenho a pretensão de pensar que esses devaneios são o que tenho de melhor por me manterem lúcida, pois muitas vezes me sinto deslocada, parecendo-me que todos têm seus lugares no mundo, executam suas tarefas e eu me sinto à deriva por vezes. Penso ser uma louca que graças a alguma sutileza do destino, me atenho à normalidade ou pelo menos a um grau de loucura aceitável. Nem sempre converso de forma leve, fluida comigo mesma por me cobrar muito. Por causa dessa cobrança, eu me sinto paralisada. Cobro por minha evolução, enfim, pela vida. E congelada vou me sentindo uma "coisica", por saber que faço bem menos do que sou capaz.

Sempre ouvia me dizerem que devemos ser leves, pagar o que comemos, devemos fazer por onde progredir, a fim de que tenhamos uma velhice tranquila, não sermos pesados a ninguém. Aí me lembrando dos elefantes, que vivendo em bando e um deles envelhecendo e não conseguindo acompanhar o resto, se retira para morrer sozinho, eu espero que eu possa escolher e saber a hora de me retirar.
Quando novinha, queria morrer, achando na minha inocência que seria poupada de sofrimentos e esperas, mas não é tão simples assim. Só os cães ou animais, que não o bicho homem, ganham o céu rapidinho.
Depois adolescente não conseguia me contentar com explicações do céu, inferno, expiação de culpa e todo aparato do juízo final. Era só isso? E o louco, o ignorante, o infeliz convicto? Por que sofriam tanto, por que tanta mazela, tanta desigualdade?
E eu olho cada rosto na estrada. Todos com suas bagagens. Pessoas que choram, riem, sentem dor, assim como eu e como você... Eu estava lá. Mais uma entre tantas, sozinha, tentando me perder a fim de me encontrar lá na frente. Mais gente, mais forte, pacificada. E, no entanto, meus joelhos sangram, minhas mãos estão calejadas. Como as crianças que mesmo sabendo que podem se machucar, arriscando-se a correr, a brincar de pique, eu também brinco de pique a despeito de minhas chagas e, mesmo sentindo dor, ainda consigo sorrir.
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