"Quem poderia ter tido a idéia de chamar aquela senhora de Dona Precata? Seria real? Ou uma distorção de Alpercata? Afinal, não já havia a São Paulo Alpargatas? E se você tiver mais de cinquenta anos de caminhadas não duvido que tenha usado um par delas. Marronzinhas, ainda me arrisco na cor.
Dona Precata as não usava, e não para evitar
redundància. É que vivia em morigerada singeleza de meios. E arrastava suas chinelas, ao invés.
Morava numa casinha curiosa, de um cómodo só, no
segundo piso de um prediozinho que abrigava a central distribuidora da eletricidade no povoado. Coisa modesta, e meio isolada numa curva da estradinha que, margeando o campim de futebol, ligava São Gonçalo à estrada de terra batida, cascalhada e poeirenta.
O que me intrigava, e ao mano Beu, era como Dona
Precata, sem os predicados de Rapunzel, chegava ao
segundo andar, pois não se via escada e tampouco se a imaginava. Falávamos, Ã s gargalhadas, que ela subia pelas paredes. Mas se se levitava, na certa se precatava."