Usina de Letras

Sim. A saudade era grande, havia um aperto sufocante em meu peito. Eu não sabia mais o que fazer. Ou melhor, eu sabia, não dependia de mim. Eu sozinho não poderia acabar com aquela dor. Então eu quis voltar ao passado, onde todas as alegrias, onde todos os momentos feliz foram vividos intensamente. E eu voltei.
Voltei para aquele mesmo recanto de saudade, que anteriormente era o nosso ninho de amor. Ah! Quantas lembranças boas! Era como um sonho, como ver diante de meus olhos, como estar vivendo agora, nesse exato momento aquele passado. E a tristeza envolveu o meu coração angustiado. Não havia na silênciosa sala um único objeto que não falasse de você, da sua figura delicada e bela. Ah! Como me doeu o peito! Meu coração chorava lágrimas de sangue. Pois tudo lembrava você.
Eu olhava para os lados, ao meu redor, e tudo parecia rodopiar. Cheguei a fechar os olhos para tentar fazer desaparecer de mim aquela visão, a visão dos momentos inesquecíveis que passei ali contigo. Sim! Tudo lembrava você. E por menor que fosse o objeto, tinha um pouco de você nele. Era como se em cada objeto tivesse uma fotografia de nossos momentos ali.
De repente, meus olhos fixaram-se num espelho esquecido. E naquele espelho pareceu surgir um reflexo distante e bonito. Ah! Meus olhos encheram d"água! Talvez ele, aquele espelho, também tivesse saudades de você. Talvez sim! Talvez ele também estivesse muito cansado de esperar por você que nunca mais voltou ali. Talvez, assim como eu, ele também não compreendesse sua partida, seu desaparecimento.
Mas estávamos nós dois ali. Querendo que o passado voltasse, que tudo fosse feliz como antes.
Nós esperamos, esperamos...
O espelho ficou velho, eu fiquei velho, o espelho quebrou-se de tristeza, eu envelheci, tornei-me mudo, silencioso, e distante da realidade. Mas continuei esperando até que a vida também cansou de te espear. Mas você nunca veio.