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cronicas-->Amadureça, antes de estudar Direito -- 17/06/2005 - 09:10 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Amadureça antes..se quiser estudar Direito!


Quando eu era muito jovem, aos dezoito anos, entrei para a Faculdade de Direito.
Não passei lá muito tempo, apenas um semestre, mas achei aquilo tudo "um saco".
Àquela época, com grandes professores, estudava-se Direito Romano, Introdução, Economia Política e Teoria Geral do Estado, as matérias do primeiro ano.
Embora outros motivos me tenham levado a abandonar o curso, meu desinteresse e desencanto eram muito grandes.
Agora, mais de trinta anos depois, tenho um projeto silencioso que consiste em concluir aquele curso.
Sinto que, a esta altura da vida saberei apreciar devidamente o que me pareceu insulso, tal como os verdadeiros conhecedores de vinho que só aprendem a saboreá-lo após muitos anos de degustação.
Não obstante tenha refugado a hipótese de diplomar-me em Direito, como queria meu pai, e eu próprio, em certa ocasião, a vida pratica, a vivencia de anos de trabalho em um estabelecimento bancário puseram-me em contato muito frequente com uma enormidade de conceitos jurídicos, através de relações que iam desde as de natureza familiar às de caráter comercial, trabalhista, tributária, etc.
Ademais, em muitas situações em que era obrigado a decidir conflitos e pendências, o advogado foi sempre o conselheiro mais próximo e respeitado e sua visão formalista terminava por me esclarecer sobre o processo judiciário, seus prazos, recursos, formas de defesa e instancias, tudo que serviu para transformar-me num razoável rábula.
A esse respeito, aliás, não posso esquecer-me do que, certa vez, me disse meu pai, a propósito de um caso que lhe relatara, ele um juiz que fez de tudo em sua longa carreira, pois serviu mais de trinta anos em comarcas do interior da Bahia:
- Meu filho, julguei muitas questões no campo do Direito Comercial, decretei concordatas e falências, mas nunca vi uma letra de cambio em minha vida! Conheço seus aspectos formais, mas realmente jamais peguei uma em minha mão e fico com inveja da intimidade que você revela ter com ela! .
O dia-a-dia de qualquer adulto, sobretudo quando ele trabalha em certas atividades, corresponde a um continuado aprendizado da ciência jurídica, pela multiplicidade de relacionamentos que se estabelece.
Todo mundo já conviveu com alguém que se desquitou ou divorciou, alugou um imóvel, acompanhou uma ação de despejo, emitiu ou recebeu um cheque sem fundos ou, pessoalmente, pagou impostos e taxas, celebrou contratos, infringiu leis do trànsito ou promoveu reclamação trabalhista!
Cada um desses atos, e tantos outros que decorrem de nosso relacionamento com pessoas, empresas, instituições e governos tem sempre uma implicação de natureza jurídica e, como tal, estão submetidos a regras e procedimentos previstos em leis e regulamentos que definem direitos, deveres e obrigações.
Em nenhum momento de nossa existência se escapa de uma relação de caráter legal.
Ora, é a própria vida, portanto, que nos transmite o sentido básico da ciência do Direito que é, afinal, o conhecimento e respeito às normas que definem nosso comportamento social.
Vista assim, na perspectiva do tempo, a decisão que tomei aos dezoito anos de idade, de abandonar o curso jurídico, não foi de todo despropositada, tanto mais se eu vier agora a concluí-lo.
Afinal, uma tese que venho defendendo há algum tempo, junto a amigos e até mesmo a professores, é a de que certos cursos superiores deveriam exigir idade mínima dos candidatos, e não apenas a prova de conclusão do ciclo secundário e a aprovação no exame vestibular.
O Direito é um desses cursos. .
Para alguém que é ainda muito jovem, o estudo do Direito representa um grande esforço de abstração.
No meu entender, ninguém deveria ter acesso à matrícula na Faculdade de Direito se não provasse ter alguma experiência de.vida e bom nível de maturidade. Advocacia seria uma profissão para pessoas de trinta anos.
E certo que se eu vier a executar meu projeto, terei exagerado um pouco na aplicação da minha tese pois o canudo de bacharel chegará às minhas mãos juntamente com os sessenta anos de idade!
02/12/88

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