Meus neurónios a esta altura, já devem estar se decompondo, mas eu ainda me lembro da inocência, dos tempos de criança. E, portanto sei como é o amor, o puro amor, que não se explica e não precisa de justificativas simplesmente para amar. Era bem estranho, mas não entendia o porque daquele rubor na face, toda vez que aquela menina sorria para mim. O olhar dela me queimava, e o coitado aqui arfava, e eu nem sei como, e já disse o porque. Mas eu gostava daquilo. O flerte da despedida era sempre um precipício, vertiginoso de sensações. O que eu falaria, qual atitude eu deveria tomar. Terrível dilema, nunca superado, nunca ultrapassado. O dia seguinte, muito aguardado, claro não pelas aulas, mas extremamente desejado, só para ter, a minha disposição aquele olhar. O que havia naquele olhar! Que me alimentava dessa energia gostosa, que infelizmente não sabia identificar. Claro, o tempo passou, e o destino me colocou a distància de tudo isso, mas com o correr dos anos fui compreendendo o que era aquilo, e confesso, diversas vezes me entreguei por completo, atropelando até o correto, para saciar a minha sede, naquela fonte de delírio e prazer.