A palavra realidade, objetivamente falando, refere-se a tudo aquilo que existe de fato. Desde o que nos circunda até o que existe dentro de nós mesmos. No entanto, poderia-se dizer que existe uma única realidade? Obviamente, estamos todos num mesmo mundo, repleto de complexidade, características, eventos. Mas esse mundo, que a primeira vista é único, será interpretado por cada pessoa de uma forma diferente. Assim, o que é real para mim, poderá não ser para você. Compartilhamos apenas até um certo momento de uma mesma realidade, mas, a partir daí, ela poderá variar imensamente. E de onde origina-se tal diferença? Nada mais, nada menos que do cérebro de cada um.
Uma pessoa é o resultado de sua genética, do ambiente em que vive e das suas experiências e relações sociais. Tudo isso a levará a enxergar o mundo de uma certa forma, que poderá ser bem diferente da maneira que uma outra pessoa enxerga. Existe, contudo, um certo eixo, que, normalmente, aproxima as visões de mundo de cada indivíduo. No entanto, a mente de uma pessoa poderá formar uma imagem deturpada da realidade, gravada em seu inconsciente, que poderá enxergar perigos onde estes não existem, com isso, provocando grande ansiedade em situações simples e cotidianas. Distúrbios da ansiedade serão assim provocados por erros de interpretação do cérebro, que passará a criar para a pessoa uma realidade, melhor dizendo, uma ilusão, paralela à realidade que existe de fato.
Possuímos diversos arquivos inconscientes, que guardam inúmeras imagens, resultantes de nossas experiências do passado. Estes arquivos irão abrir-se nas situações semelhantes à quelas em que eles foram originados. Desponta aqui a necessidade de alterarmos as imagens existentes em nosso inconsciente, que, se não coincidem com a realidade, não passam de uma ilusão mental, uma ilusão muitas vezes de imensa dimensão, que pode ser capaz de nos fazer entrar em pànico, literalmente falando. Nesse processo, é de grande ajuda a meditação, de preferência feita concomitante ao relaxamento. Este último tem o propósito de possibilitar um contato mais próximo ao nosso inconsciente, que com isso ficará mais propenso à sugestão.
O processo de meditação é simples. Uma vez conhecida a imagem prejudicial que desejamos alterar, poderemos trabalhar mentalmente através de um processo de imaginação. Buscaremos sobrepor à imagem original uma outra, que refletirá o modo como gostaríamos de nos comportar diante de uma situação. Para isso, devemos visualizar essa situação mentalmente, procurando, ao mesmo tempo, ouvir e buscar as sensações que ela determinaria sobre o nosso corpo. Isso significa nada mais que um processo de incorporação de algo que poderá ser benéfico a nós mesmos.
Um exemplo: No caso de pessoas que temem falar em público, vemos que elas previamente constróem dentro de si uma imagem fortemente negativa daquilo que poderia ocorrer com elas durante a sua apresentação, ou seja, estão sugestionando o inconsciente de uma forma fortemente prejudicial a elas mesmas. Por outro lado, há a possibilidade de fazer-se exatamente o oposto. Para poder se auto-ajudar, a pessoa poderia imaginar-se, enxergar-se diante da platéia fazendo uma ótima apresentação. Poderia colocar-se lá, ouvir mentalmente sua voz, enquanto fala a todos, realmente incorporar a situação. Com esse processo, a mente da pessoa conseguirá uma melhor preparação, facilitando-se bastante o momento da apresentação propriamente dita. Concluindo, ela nada mais fez que escolher um outro caminho, simplesmente não trabalhou contra ela mesma e sim do seu próprio lado.
Através da prática de meditação, a pessoa poderá, portanto, adquirir um crescente controle de sua mente. Poderá conseguir utilizá-la em favor de si mesma, aprendendo a interpretar o mundo a sua volta e sua relação com ele da forma mais saudável possível, distanciando das imagens dissociadas da realidade e altamente perniciosas que uma vez tenha criado.
