O amor não se pode definir
e talvez que esta seja a sua melhor definição.
Sendo em nós limitado o modo de explicar
é infinito o modo de sentir,
por isso nem tudo o que se sabe sentir,
se sabe dizer: o gosto e a dor não se podem reduzir a palavras.
O amor não se tem ocupado e há de ocupar o coração dos homens,
mas também os seus discursos,
porém por mais que a imaginação se esforce,
tudo o que produzir a respeito do amor,
são átomos.
Os que amam não tem livre o espírito para dizer o que sentem
e sempre acham que o que sentem é muito mais do que dizem,
o mesmo amor entorpece a idéia,
e lhes serve de embaraço:
os que amam, mal podem descorrer
sobre uma impressão que ignoram
os que amaram são como a cinza fria
donde só se reconhece o efeito da chama
e não a sua natureza,
ou também como o cometa
que depois de girar a esfera
sem vestígio algum, desaparece.
Glácia DAIBERT