Ela já me imaginou como um poderoso e altivo transatlàntico. Capaz de cruzar mares e oceanos. Capaz de levá-la a lugares novos e fantásticos.
Mas fui caindo em seu conceito. Na verdade, foram me derrubando. Fui rebaixado a iate, barco, e hoje nada mais sou do que uma jangadinha com a vela suja, rota e esfarrapada.
Meu convés se resume em tábuas velhas, gastas e apodrecidas pelo tempo. Mas ainda navego, e em um ímpeto de sobrevivência zarpo de seu porto não mais como outrora tão seguro.
Só o vento sabe para onde me levará, o que fará por mim ou o que fará de mim.
Do cais de sua inocência ela me olha partindo. Me observa de longe, cada vez mais distante no horizonte. Ao alto-mar chegam sons através do vento. Por vezes imagino ouvir um choro baixinho, um soluçar, um desculpar, um pesar.
Mas nada é feito para que eu retorne. Não, não há arrependimento. Melhor assim. Não há porque procrastinar o adeus. Uma lancha nova e mais veloz meu lugar tomou.
Sigo em minha peremptória perenidade, até onde o vento me soprar, pelo azul profundo e sincero do meu querido mar.
Wagner -
Leitor, dê sua nota seja ela qual for para que eu possa ter paràmetros para melhorar. Obrigado pela leitura.