Sei que há dois olhos atentos, como um radar de longuíssimo alcance, vigiando os meus passos, cuidando dos atalhos por onde vou, preocupados com a trilha que descubro a cada passo.
Sei, e gosto. Há uma voz que brada e peleja muoto para que eu siga o rumo certo, sem desvios, numa linha reta que aponta para a meta ideal.
E eu tenho que disponibilizar os meus ouvidos para escutar, os meus olhos para enxergar, a minha voz para responder.
É, desse modo, que o amor se manifesta, Ã s vezes, incompreendido, parecendo inoportuno, irritante, mas, se pararmos para pensar, se refletirmos um pouquinho só, encontraremos a verdade escondida nos gestos, a magia encartada nas atitudes, a dedicação no que pode parecer provocação.
Por conseguinte, no final de um dia em que mourejei e mourejei, o cansaço tomando conta do meu ser, lembrei-me de Sir Wiston Churchill, um dos vultos notáveis que povoaram a minha infància que, no calor de uma sangrenta guerra, com o povo britànico sendo castigado pelas bombas de Hitler, encontrava tempo, após cada dia enlouquecedor, para fumar os seus charutos, tomar o seu uísque, construir muros de alvenaria e exortar o povo inglês a resistir com sangue, suor e lágrimas.
Pois bem, a comparação talvez não seja oportuna: eu não estou na guerra, não há inimigos visíveis nem bombas V-2 ameaçando os horizontes do meu viver.
Ou será que tem tudo a ver ? Que eu estou no calor da refrega, e a voz do meu Churchill, seguindo todos os meus passos, exorta-me a permanecer atento, a não pestanejar, a não baixar a guarda, a prosseguir, porque no vasto mundo existe um par de olhos que me acompanha e me vela como se fosse o olhar mágico de um anjo...Como se fosse um anjo...um anjo...um...