As quinquilharias da vida estão ao seu dispor, basta estender a mão, sem muito esforço, para nelas tocar e delas sentir o nenhum peso. A imponderável leveza das coisas miúdas; miúdas, sim, mas não no tamanho, porque podem até ser grandes na forma, porém, pequenas no significado.Mas, a vida é feita de retalhos e fiapos, que a gente vai entretecendo, até ficar montado o quebra-cabeça, mostrando a razão de tudo, pois, na verdade, tudo se encaixa: o jornaleiro que joga as notícias na sua porta no amanhecer; o mecànico que identifica o defeito do seu carro; a passadeira que deixa o seu terno com aparência de novo; o pássaro que faz um ninho na árvore do seu jardim; as borboletas que voltam a voar em torno das flores; as crianças que seguem em bando alegre para a escola e, com suas mochilas, simbolicamente, caminham para o futuro; os velhinhos sentados solenemente no banco da praça; a bandeira do Brasil tremulando no vento morno desta manhã...
E a vida se recompõe na burocracia do Tribunal, nas conversas infindáveis dos funcionários, que ajudam a escoar o tempo lento do serviço público.