Nesta manhã cheia de sol, os jardins ainda orvalhados da chuva de ontem à noite, o cheiro bom que se espalha no ar, vindo da árvore frondosa e de flores miúdas que fica em frente ao nosso prédio e cujo nome, humildemente, confesso que não sei,os pássaros ensaiando cantigas maravilhosas exaltando a liberdade de saltitar de galhjo em galho e fazer amor em pleno ar, a vida palpitando em todos os detalhes, fica difícil pensar na morte.
Mas, hoje é o dia de finados. Todos temos inúmeras cruzes espalhadas ao longo do nosso iteinerário: um avó, avós, tios, primos, amigos, parentes mais distantes, um ídolo que se foi...
E a realidade crua da morte nos aponta o caminho sem volta em que nos metemos desde o nascimento, como se fóssemos levados numa correnteza muito forte, que nção nos deixa parar, que nos arrasta e arrasta para a consumação dos nossos dias e que a nossa cultura ocidental nos enche de pavor.
Os cemitérios estão cheios. Há uma saudade solta no ar, nas flores reais ou artificiais que as pessoas portam e as colocam junto à s sepulturas, nas lápides com inscrições recordando os nomes do que se foram, no olhar distante insensível dos coveiros, cavando mais túmulos para os recém-chegados.
E os sinos dobram a finados...dolentes, repinicando no ar, martelando os ouvidos de quem se esqueceu de rezar pelos seus mortos... Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, Bendia sois entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém!.