Antevéspera de Natal. Bulício de cidade grande. Ruas apinhadas. Multidão de consumidores invadindo os centros comerciais, sobraçando presentes, gastando feliz o 13o. salário. Saudações. Papai Noel multiplicado fazendo acenos. Luzes coloridas piscando. Manjedouras, presépios, lapinhas. Música Americana falando de white Christmas, jingle bells, merry xmas, happy new year. Envolvido na atmosfera consumista, passeio com os netos pelos shoppings, satifaço-lhes as ilusões e os desejos, papai noel vovó . Estou despreocupado, embora ressabiado porque uma diferença pela qual eu tanto batalhara para ser recebida antes do natal, em virtude da negligência de algum servidor de meio escalão, ficou postergada para depois do natal.
Aí parei o carro no sinal e o pequeno saltimbanco, acrobata de meio de rua, começou a sua exibição em frente aos carros, no sol dardejante de dezembro, pezinhos no asfalto escaldante, calcanhares rachados e sujos, roupa esfarrapada, olhar tristonho de quem enfrentou a dureza da vida desde muito cedo. Pára a perfomance segundos antes de o sinal abrir, vem com a mãos pedintes implorando uma moedinha. Ninguém lhe presta atenção, estão todos apressados demais, distraídos demais para reparar naquele pequeno artista de rua, querendo um pouco de alegria no seu Natal.
E aí, eu pensei na mensagem de Jesus, que os homens esquecem com muita facilidade, mesmo na antevéspera de natal. Que pena! Eu mesmo me esqueci de tirar uma moeda da algibeira para dar ao saltimbanco do cruzamento.