Hoje estou para a luz, aliás, filho do sol do equador, acostumei-me à s manhãs claras, plenas de luz, céu azul, poucas nuvens brancas, adelgaçadas, fugidias, vendo claramente as coisas todas, assim como naquela velha canção: on a clear day you can see forever. Sim, realmente num dia claro você pode ver para sempre. O olhar atravessa os espaços e vai muito além do que a vista pode alcançar, penatra os umbrais do sonho, alça vóos condoreiros, imita as águias, vai ao cume das montanhas mais altas.
É como se, de repente, você pudesse mergulhar bem no íntimo de cada um, perscrutando tudo, as reticências, os suspitos, os cismares, as dúvidas, os medos, as mentiras e as verdades bem no nascedouro, descobrindo as intenções, antecipando as amarguras e a surpresas, bem, masi aí, que pena, elas deixariam de ser surpresas e a vida, por causa disso, perderia muito do seu encanto.
São pensamentos revoltos num dia branco, um dia de luz aqui em Brasília, abstraídas as tormentas quase diárias que desabam sobre a vida decepcionante de tantos homens públicos.