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cronicas-->Malcriação -- 12/05/2006 - 16:31 (Nezinho Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu havia acabado de chegar ao Ponto de Ónibus, passava do meio-dia e eu espera "pegar" a lotação 151, que me deixaria próximo ao meu trabalho.
Aquele garoto, devia ter uns 14 anos, parou em minha frente e perguntou-me se a lotação havia subido.
Respondi-lhe que ainda não. Ele estava uniformizado com as cores e brasão da Escola Normal.
Ele disse pra si mesmo que iria pegar a lotação lá em cima, e subiu a rua.
Passados alguns minutos ele voltou, acompanhado por um colega, mais jovem, e ambos ficaram por ali, entabulando conversa.
Outras pessoas chegaram ao Ponto do Ónibus e, devido o calor, todos buscavam abrigo sob uma diminuta árvore ali existente.
O tagarelar daquele garoto mesclava-se ao vapor quente que subia do asfalto e sufocava o ambiente, roubando o conforto do meu espírito.
- Desgraça! O que meu pai veio caçar aqui?
Inconscientemente, ao ouvir o praguejar daquele garoto, voltei-me para a esquina mais próxima, onde acabava de aparecer um Senhor, de aproximadamente uns 50 anos, com deficiência nas duas pernas. Ele movia-se com dificuldades e seu andar assemelhava-se ao andar de um fauno.
Enquanto se aproximava do Ponto seu filho continuou resmugando, por não querer que ele pegasse o mesmo ónibus que este esperava.
Quando aquele senhor chegou ao ponto seu filho o interpelou: - Porque você não deixa para pegar a 31, pai? É melhor pro Senhor.
- Porquê? Quis saber o pai - Cê tá com vergonha de mim.
-Cê que sabe. Respondeu o garoto - Eu acho que a 31 vai ser melhor pro senhor.
- Ta com vergonha de andar com seu pai? Inquiriu o velho, tranquilamente, como se aquela atitude fosse corriqueira ou que ele não tivesse condição de contestar o filho.
- É que os caras ficam falando... - Justificou o garoto e continuou a lamuriar-se pela presença do pai. Este, por sua vez, pós-se a explicar os motivos que o levavam a pegar a 151, já que seu destino era no intinerário dela e não no da 31, etc, etc e tal.
Nessas alturas eu já não ouvia o que falavam. A indignação que ameaçava-me a razão me assustava. O primeiro impulso foi de pegar aquele moleque pelas orelhas e faze-lo reverenciar o seu pai, ali mesmo. Na sequência, após aspirar longamente o ar para meus pulmões - eu havia me esquecido de respirar tal fora a minha revolta - tive vontade de chamar aquele garoto a um canto e dizer-lhe umas verdades. Finalmente, aquietando meu espírito e entrando no ónibus, que nesse ínterim subira, resolvi deixar para "prosear" com aquele garoto em outra oportunidade.
No escritório desabafei com meu chefe, espondo-lhe toda minha preocupação com a presente geração, filhos da psicanálise, desdenhosos, desrespeitosos, necessitados de boas surras, afim de que aprendam a valorizar seus genitores e respeita-los como tais.
Meu chefe nada respondeu. Ele também passa por situação semelhante.
"A estultícia está ligada ao coração do menino, mas a vara da disciplina a afugentará dele". Provérbios 22:15.
"A vara da correção dá sabedoria, mas a criança entregue a si mesma envergonha a seus pais".
Provérbios 29 15
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