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cronicas-->Meu muro colorido -- 30/11/2000 - 23:50 (Cláudia Azevedo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lá estava aquele velho muro diante de mim. De um lado, uma casinha de fundos com apenas um quarto e banheiro, do outro a escada que conduzia ao pomar. Lembro-me como fiquei alegre quando mamãe trouxe potes e mais potes de tintas de várias cores, e pincéis de todos os tamanhos e tipos. "Você pode pintar o que quiser neste muro, mas `ai´ de você se houver um só rabisco em qualquer outra parte da casa! ".

Imediatamente escolhi pincel e tinta e comecei a preencher aqueles espaços acinzentados com um mundo de formas e cores, frutos da minha imaginação. O espaço que tinha à minha disposição me permitia dançar com os pincéis na mão, era uma atmosfera musical e estética. Aos poucos aquele lugar foi criando vida.

Às vezes eu simplesmente sujava as minhas mãos e passava pela parede sem compromisso. Quando estava agitada, imprimia maior velocidade aos meus dedos ou lançava a tinta contra a parede. Quando estava calma preferia usar o pincel, e delicadamente acariciava a parede com a tinta. Depois observava de longe as impressões que a luz do sol causava sobre as cores.

Nunca ouvira falar de movimentos artísticos como o impressionismo ou o expressionismo. O único movimento artístico que conhecia era o das minhas mãos deslizando com prazer sobre a criação. Expressar-me não me causava nenhum tipo de angústia, pois não tinha nenhum compromisso com o público ou com o mundo à minha volta.

Era um artista realizada, muito mais que Monet ou Pollock. A minha alma de criança se enchia de alegria, e meus dias eram repletos de fantasia e prazer. Quando me cansava de pintar, passava para o outro lado do muro, onde um imenso pomar se tornava o meu segundo paraíso.

O tempo passou e eu cresci. Continuo me sentindo tão pequena como aquela criança que brincava de artista. Hoje enfrento a cada dia, um muro bem diferente daquele dos meus tempos de criança. Quando sei que não posso passar para o outro lado, eu fecho os meus olhos e começo a imaginar. Encho as minhas mãos de cor e deslizo os meus dedos pelo muro.

Quando nele eu crio um mundo de cores e formas, sinto o mesmo prazer daquela criança envolta pela fantasia de ser livre, mesmo com um muro diante de si.
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