De passagem como um vento suspeito!...
Desses que enche o peito e promove a vontade de voar.
Largar-se ao espaço ou sair do chão mesmo sem música.
O ritmo é só o do coração - e precisa mais?
De passagem em minhas viagens completamente sem bagagens.
Não é preciso levar nada, apenas a esperança no olhar.
Não é preciso trazer nada, a não ser a certeza da alegria.
Por onde andei e para onde vou não importa tanto...
As vezes frio ali e quente por aqui. Noutras ocasiões, as aves que me acompanham mudam de cor e de tamanho.
Camaleões alados!...
Algumas tentam agredir defendendo apenas o território.
Mas minhas asas são maiores e lá vou veloz por entre as nuvens.
Sou grande agora, embora perceba que continuo a ser um grão de areia no Universo.
Sou grande porque vóo e as montanhas ficam lá embaixo imponentes.
De passagem, visito vilarejos, participo de folguedos, me apaixono por um olhar qualquer.
Quanta fragilidade detenho!
Mas como voar se não for assim, tão frágil, tão volátil, tão sutil?
Me deixe apenas voar!
Porque de passagem como um vento, não tenho destinos, não tenho preceitos, muito menos preconceitos.
De passagem como um vento, me espanto com as maravilhas da Terra e me descubro pura e simplesmente Vida.
E vida é para ser vivida! - Bem vivida!
Por quanto me bastem os vóos, seguirei vivendo pelo poder dessas asas da paixão.
E que o vento siga seu rumo. Eu apenas pegarei caronas!..