O coração, que no dizer de alguns, é um velho caçador solitário, estava embebido no doce vinho das lem,branças, percorrendo páramos distanciados pela bruma quase impenetrável do tempo, batendo em ritmo compassado, querendo alento...E aí, logo de cara, nas molduras espalhadas pelos móveis do hall, da sala de visitas e da family room,todas aquelas fotografias dos filhos, dos netos, das pessoas queridas, algumas delas já encaminhadas para a eternidade...Não houve como resistir à quela enxurrada de recordações: os olhos ficaram vermewlhos, irritados, descendo pelo rosto um pranto morno e silencioso. Um ataque fulminante de em oções desencontradas desabou sobre o peito, tornando a respiração penosa, os passos trópegos, as mãos trêmulas, os pensamentos entorpecidos... E nós ficamos ali, parados, olhando um para o outro, vítimas das mesmas lembranças agridoces, compreendendo que, sentimentalmente, nós somos pessoas divididas: se estamos aqui, pensamos lá, se estamos lá, queremos vir.
E a vida, no seu eterno desnovelo, vai soltando o fio que nos prende aos dias vivenciados, deixando uma saude enorme para ser curtida.