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cronicas-->A Virtude entre nós -- 06/09/2006 - 01:17 (Carlos Frederico Pereira da Silva Gama) |
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A Virtude foi dar com as bordas em Pindorama.
Pé ante pé, não há pecado abaixo do Equador que possa com.
Incorruptível, passo. A fronte imponente. Eivada de serpentes sob os pés. Quase era audível o seu adágio:
"Aqui ninguém dorme!"
Em busca de cabeças (que em terra de cruz quem tem é Salomé) foi afeitando a barba e o terreno adiante até topar com um nativo.
"Q q vassuncê deseja, por obséquio? Diz aí. Mim ker sabê. Plís!"
A Virtude se cala, que é como os espertos são retratados, já dizia o Benjamim. Franco!
"Ah mas q q se sucede minha nêga? Desembuche! Óxe. BAH! Deixa estar essa procrastinação ambulante, deixe de diz-não-me-diz"
A Virtude olha os céus. Americanamente azuis. Imaculados, petrificados. Chapados contra o terreno íngreme.
O nativo, que de nato não tinha nobiliarquia, só se ateve nas pregas do vestido da vestal escarlate.
"Meu coração...Não sei por quê...Está a olhar estrelas"
Nas imediações, uma corrida de cágados chegava ao clímax.
"De tanto falar, brasileiro perde a cabeça"
E foi-se a Virtude adentrando o terreno virgem, sem derramar uma gota sequer daquele rubro jorro.
Um gnomo, atento, observava os joguetes do Curupira e perdeu de vista o joelho da Virtude se vergando perante o asco do pór-do-sol.
"O que é maior que uma mula-sem-cabeça e menor do que nossa ambição?"
A Virtude se virou, surpresa. Gnomos nunca concordam com você. Nem mesmo em telepatia!
O gnomo não viu, que a consciência só tem constància. Nada mudou, nem mesmo o tombado nativo, monumento à Virtude. |
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