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cronicas-->Talvez Um Mau Exemplo -- 30/09/2006 - 17:35 (Edgard Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Talvez um mau exemplo



O assunto política é tema obrigatório em toda e qualquer roda de conversação hoje em dia. Diria até que em todas as épocas. Todavia, nunca houve, quero crer, fase tão desacreditada como a que vemos atualmente. Nossos políticos vivem a encontrar um jeito de reconquistar a confiança de seus eleitores. Criam, para isso, mil artimanhas. As campanhas eleitorais do momento que atravessamos, revestiram-se de uma disputa, não mais de votos, mas, antes, de confiança e a tarefa tem sido para lá de árdua; poucos sobreviverão a esta prova.
O panorama atual é extremamente preocupante. Em muitos casos de corrupção e lavagem de dinheiro, detecta-se o mal praticado exatamente por aqueles que deveriam dar o exemplo. Só isto é o suficiente para enfraquecer vergonhosamente o moral da nação e a boa vontade de quem ainda se esforça para encontrar algo de valor neste mar de lama.
Há meses, estive em uma zona eleitoral para regularizar meu título, cancelado por omissão de votar. Não comparecia às urnas por quatro pleitos consecutivos. Pois bem, já estamos a dois meses da próxima disputa eleitoral e ainda preciso voltar para buscar o documento. Confesso que ando ressabiado com as mesmices dos candidatos e minha vontade de escolher um deles anda para lá de baixa. Mas, vou cumprir o meu papel de cidadão desta vez pois, não pretendo mais servir de mau exemplo.
O futuro que imagino para o país - e penso que seja o sonho de todos - passa bem longe do que vemos nos noticiários e nas CPIs falantes e inativas que, invariavelmente, acabam do jeito que começaram ou seja, sem acrescentar nada de válido ou exemplar em forma de punição. Queremos uma pátria limpa, da qual possamos nos orgulhar. Se cada cidadão estivesse comprometido com a própria consciência ao simplesmente maquinar qualquer espécie de falcatrua contra o bem comum, teríamos outro país. Seríamos dignos de habitá-lo. Não podemos esquecer que as gerações vindouras, representadas por nossos filhos e netos, é que colherão as sementes que plantarmos hoje com nossas ações. Urge alertar para a dimensão do problema. Concluímos, então, que não existe a mínima falha neste país. Quanto a ser abençoado, rico e fértil, chega a ser óbvio. Logo, se bem administrado, pondo-se, acima de tudo, a honestidade e o progresso do povo, não haverá quem nos impeça de galgar os escalões do primeiro mundo.
Reconheço a descrença reinante nos corações da maioria. Soa como utopia a expectativa de um Brasil verdadeiramente desenvolvido, o que é a condição natural de um povo. Chegamos a um estado tal de corrupção nunca visto na história; é preciso que isto tenha um fim. Penso que, se somos eleitores, imbuídos da responsabilidade de distribuir os cargos públicos, deveríamos, da mesma forma, assumir o papel de juízes em questões tão cruciais como o desvio de verbas ou o mau governo. Destituí-los dos seus lucrativos postos seria o mínimo que faríamos, se a nós fosse dado esse direito. Do jeito que está é que não pode continuar. Penso que, através de um plebiscito, desvinculado de interesses outros como a venda ou não de armas de fogo, por exemplo, muito poderia ser feito para mudar o rumo das coisas. Não consigo vislumbrar, dentro do panorama atual, uma melhor saída. É a velha história: O povo colocou, o povo tira. Quem sabe assim, os pseudobrasileiros, sanguessugas e ingerentes, não pensarão melhor antes de desfalcar o que é de todos e que eles, cinicamente, julgam-se donos e manipuladores?

Agosto/2006



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