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cronicas-->Baaltech -- 03/10/2006 - 18:35 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Seus olhos me fixavam enquanto eu relia o manuscrito, incrédulo. Ela repousava agora, certa de que o que me mostrava era importante. Eu lia, lia e lia. Sem fólego, pois de uma riqueza incompreensível para minha capacidade. As letras, pequenas e bem alinhadas em caligrafia perfeita, feitas a caneta-tinteiro, matiz azulada escura, deixavam claro que o objetivo, fosse qual fosse, era deixar quem o lesse impressionado, tal a profundidade das revelações. Ela de vez em quando me olhava, agora repousando, suada, satisfeita e feliz, a respiração agora pausada, regular, não como a de uma hora atrás.Sabia o que queria e fazia e eu também.

"...Como de Haifah e Calimã, como de Betech e Moolah, filhos de Saul e Sara, assim como de Caimã vieram os gêmeos..."

Eu prosseguia na leitura da origem de sua linhagem, ela achara o documento em uma tumba antiga, que dizia ser de sua família, que dizia ser secreta, que ela havia explorado anos atrás, seus doces olhos verdes a me olharem enquanto nos amávamos loucamente, ela me afirmava que o que tinha em mãos era de suma importància, porque tinha a ver com os males da civilização ocidental, tinha a ver conosco, tinha algo do futuro e de nosso passado recente e remoto. Era encantadora e sabia disso, pequena, corpo adorável e pele alva como a manhã. Costumávamos tomar café em Paris, no Quartier Latin, ela sempre conseguia os melhores pães porque conhecia alguns Maitres.Foi ali que começou nossa história, ali que perdidamente me envolvi com seus olhos verdes de mar e foi lá, numa manhã particularmente chuvosa que ela me contou sobre o Manuscrito que a sua família lhe incumbira de resguardar. Ela sabia de meu gosto pela leitura e pela história, sabia que eu adorava explorar mundos desconhecidos, não sem antes com um sorriso entre enigmático e maroto, sugerir outra exploração que continua até hoje, sem pausas, como a de há pouco. Mas à parte isto, ela entendia minha enorme curiosidade e aos poucos foi delineando a história de sua família estranha, espalhada pelo mundo e que ela ocasionalmente visitava em alguns países, como Inglaterra, Holanda e até Noruega. Mas ela parecia ter ascendência egípcia, pelos olhos alongados e pelo nariz que lembrava o de algumas representações de Cleópatra. Às vezes eu a chamava disto e ela ficava inquieta, sumia por alguns dias, eu a achava no antiquário que administrava cheio de valiosos objetos de arte e estatuetas douradas, e ela me olhava com censura porque muitas das vezes em que estávamos juntos nos prometíamos nunca invadir, um ao outro, a intimidade de ambos. Eu não conseguia ficar mais do que dois dias sem vê-la e lá estava eu, ela com os lindos olhos sorrindo, enquanto explicava ao cliente de turbante (eu já o vira lá mais de uma vez) as qualidades daquela peça que o impressionara...

"... Nas imensas jazidas do fogo perpétuo da Terra Prometida, nos movimentos de nossos povos é que se decidirá o destino do Mundo, porque do Norte, do Centro e do Oeste virão as luzes, porquanto tudo que vive então perecerá, a menos que Baaltech interceda..."

Assombrado eu lia sobre o fim dos tempos, descrito nos detalhes mais refinados, um documento de muitos séculos, preservado do tempo por aquela linda guardiã. Eu não entendia o que significavam algumas das palavras e ela me explicava que eram de línguas antigas, de raças mortas que ela dizia terem existido antes da Humanidade, que caíram na mesma tentação de nosso tempo e Baaltech os extinguira. Mas naquele dia eu quis saber mais sobre a divindade. Ela estava mais estranha que o costume, mas tocou em sua jóia que carregava no peito, entre os seios perfeitos. Uma luz brotou de seu adereço. Os olhos vermelhos do dragão iluminaram seu pescoço...

--Baaltech.

--Ele é Baaltech?

--Está comigo e agora protege você. Porque está comigo, será poupado.

--Como assim?

Eu entendia como entendo agora. Compreendo em parte o Manuscrito e sei que fui escolhido por ela; Talvez por acidente, talvez, como ela mesma o diz, porque o Manuscrito assim o quis. Mas observo sua respiração pausada, a suave curvatura de suas ancas, os ombros subindo, descendo e na janela, o sol é coberto pelo Manto de Baaltech enquanto suas Hordas Horríveis dizimam os que se dizem habitantes do que outrora fora um planeta perfeito e puro. Viro de lado e durmo encostado na sacerdotisa parisiense...
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