Usina de Letras
Usina de Letras
32 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62823 )
Cartas ( 21344)
Contos (13289)
Cordel (10347)
Crônicas (22569)
Discursos (3245)
Ensaios - (10542)
Erótico (13586)
Frases (51217)
Humor (20118)
Infantil (5545)
Infanto Juvenil (4875)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1380)
Poesias (141100)
Redação (3342)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2440)
Textos Jurídicos (1965)
Textos Religiosos/Sermões (6301)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Agora... -- 03/10/2006 - 18:38 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O calor era sufocante. Ele pegou a garrafa de Tequila e sorveu um gole generoso. Àquela altura, era a única coisa que lhe veio em mente, com os guardas lá fora, o barulho das viaturas chegando e os freios dos carros parando. Podiam ouvir os cães farejadores doidos de fome, podiam sentir a proximidade do capitão que os caçara por meses. Ela, sua mulher, fielmente presente, pegou a garrafa e sorveu outro gole da preciosa bebida. Bandidos! Todos eles estavam ali, prontos para dar o bote. O suor escorria de sua testa. Sabia que chegara ao fim uma longa jornada. Ela começara quando ele e sua mulher resolveram assaltar um senhor idoso em um carro velho num posto de gasolina perdido no deserto. Acontece que ele era lento, irritante, tinha Parkinson e ele deu um jeito de acalmá-lo... Demais. Ela ficara horrorizada, menina nova, nunca vira um homem ser morto, mas ela gritara e ele por pouco não lhe dera uma coronhada. Ela percebeu e calou o bico. Continuaram, tiraram tudo do velho e entraram no posto, onde a modorra da tarde suarenta guardava um desagradável segredo.
--Tem cerveja?
--Várias.
--Quero duas. Você quer cerveja?
--Você sabe que sim.
--Só perguntei, cacete.
--Então. Quero!
Beberam rapidamente, o garçom olhava os dois de lado, como que observando, de olhos bem abertos, aquele estranho casal saído do nada. Ele olhava de um jeito esquisito e inquiridor, mas serviu mais cerveja quando viu que não deveria se meter. No outro canto, tinha um homem gordo. Ele tinha cara de poucos amigos. Ele queria fumar em paz, queria comer sua mortadela, era gordo por isso mesmo. Parecia ter dinheiro, se era dele a Pathfinder lá fora, absurdamente negra e reluzente. Ele olhou e desviou o olhar. Mas a Path estava lá, o revolver quente em seu bolso, a boazuda sentada ao seu lado... Saíram pela estrada, deixaram o gordo ensanguentado de pancada no chão e arrancaram as chaves da Path, sem que ele desse um pio. Acho até que ele sabia que seu destino seria aquele mesmo. A caminhonete arrancava areia e pedaços de grama seca no caminho, a estrada se estendia a léguas, ele e ela no carro agora nosso, mas os problemas sempre começam de repente, foi quando eles ouviram uma sirene Correram pelo deserto e a viatura atrás e a estrada se estendia negra e as montanhas azuis e secas ao fundo. A uma se juntaram outras duas, como eles ficaram sabendo? O serviço na lanchonete foi completo, vai que tinha outro alcaguete... Bom, agora era mesmo correr, correram com a Path até uma estrada vicinal que ele conhecia porque costumava andar por ali de moto quando era moleque e ainda tinha o poço de água seca onde ele se escondia de seus irmãos quando queria fugir do óleo de rícino.
--Fodeu!
--Cala a boca e me deixa dirigir. Pára de pegar nele...
Chegaram na vicinal e dobraram a curva e saíram do carro; ele engatou a marcha e o carro caiu no abismo. Lá foram os tiras atrás a tempo de ver a Path se espatifar no desfiladeiro, ele e a vagabunda correndo, ela excitada, queria fazer amor, a louca, mas teve de esperar até entrarem no celeiro de Ben, seu tio, pra ela saciar sua sede. Escondera a Tequila lá. Conseguiram fugir por meses, sempre despistando, sempre se escondendo, sempre com violência. Meses! Mas eles sempre voltavam ao celeiro de Tio Ben.
Agora os policiais os esperavam:
--Saiam com as mãos para cima. Estão totalmente cercados!
Eles sabiam com quem estavam lidando. O Capitão era homem duro, cercado de gente incompetente, mas achara sua presa. O moço dentro do celeiro tinha um monte de cruzes nas costas. "Ou saem ou nós teremos de entrar!"
O eco do fone era seco, ribombava na cabeça dos dois jovens no escuro. Secas paragens, certos de que estavam no fim. Ele não iria se entregar e ela era fiel companheira. Então decidiram sair...
Saímos fora, correndo, pela porta do celeiro, eu com o revolver e ela gritando; Ela caiu primeiro, com o tiro certeiro dos atiradores de elite, uma calibre 12 fulminante que nem deu tempo dela gritar de novo. Apenas caiu ao meu lado, como um saco frouxo, os lindos olhos fixos no céu. Eu sentia as picadas das balas entrando na pele. Baques surdos atrás, o olhar do capitão gelado, as janelas quebrando com as balas os impactos em meu corpo, ainda apontei a arma, mas um tiro me arrancou a mão, agora fodeu, pensei eu, e ainda me vi caindo de borco, de lado, olhando os lindos olhos da vagabunda que nem esfriara ainda mas já olhava fixo o céu de Outubro.Pedaços de grama cobriam seu rosto.
Bom. Não deve ser tão mau assim. Nem sentia mais nada! O mundo se cobria de um manto azul e frio. Eu podia ver o céu de uma proximidade tão grande que quase podia sentir as nuvens passando. Um silêncio mortal se apossou de mim. Até porque estava morto.
--Agora, fodeu.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 4Exibido 648 vezesFale com o autor