Não sei partir. Não fui criado no aprendizado de ir.
Se vou é apenas para um lugar onde remoejam flores, onde bate o sol de verão e o arisco vento primaveril rebate nas folhagens e as fazem dançar; assim como os pássaros que mais parecem dançar mais e mais em seu sopro mágico.
Mas cheguei a conclusão que não sei partir, mas devo ir.E deixar prá trás, o quê? Pedaços de retratos encardidos e rostos esmaecidos, que o tempo tratou bem de comer e criar vazios dentro do árido e do tosco coração azul de tanta emoção!
Deixar prá trás o quê? Ela que nunca mais voltou? Deixar suas lembranças partidas de tanta emoção e muita gratidão, que faz vergar mastros e burilar ouro da terra!
Mas se perdi. Perdi eu. Ninguém está mais por perto, nem prá dizer. Vai bem, na trilha de certeza, onde o sol cativa mais.
Partir não vou. Mas me carrregam, que levem agora , igual a um luxuoso trem. Mas de vontade própria, não vou não.
Não conheço o lado de lá do meu lado. Não sei mas quem sou;nem casa tenho, nem parentes postados de amor.
Mais nada tenho, mas partir,acho que não vou não.
Sou homem calado e de poucas vozes e se me deram uma insígnia de solidão e mutilado de dor, talvez eu resolva ir. Mas vou sozinho, pelo caminho vazio.
Ninguém prá ver, ninguém prá olhar. Ninguém prá sentir minha caminhada a procura dela.
Assim eu vou, contristo e absorto a procura da luz que me apagou, da vida que pobre prá morte se foi e toda de graça santa se foi!