Do sol à lua esperou em vão, nem sinal daquela que fora sua musa, seu ideal, a razão maior da sua vida.
Aí então, fechou-se numa tristeza bem grande que durou por toda uma semana. Quando chegou o domingo seguinte, no momento em que o dia irrompeu, deu-se conta que tinha que viver, descer o pano rápido sobre aquele drama, dar a volta por cima e tentar descobrir neste mundo vasto e complicado, um novo amor para preencher aquele vazio que ela deixara.
Foi se sentindo leve na medida em que os dias se passavam. Aquela saudade imensa foi murchando, murchando, tornando-se leve, cada vez mais leve, até que virou um fardinho capaz de ser conduzido nos ombros.
Então, num dobrar de esquino, no ruge-ruge da multidão, viu uns olhos, um rosto sorridente, um vulto lindo de mulher. Era ela, sem dúvida, a outra banda da laranja que ele tanto aquardara.Apressou passo, falou quase aos seus ouvidos. Ela olhou surpresa e sorriu...Aí então toda a história mudou. Nem pensou mais no sol nem na lua. E a saudade, se existe, ele nem se lembra.