Não sou muito do gênero, ou seja, de contar coisas que acontecem na vida real, mas que lembram coisa do além.
Mas, há muitos dias que venham lutando contra a vontade de narrar algo que ocorreu com meu filho primogênito, ao tempo em que ele, logo depois de formado, mudou-se para Teresina para tentar o que ele chamou de "em busca de um ideal", explicando melhor, a tentativa de um jovem de 20 anpos de, sem dinheiro, realizar o sonho de ser político.
Mas, isto não vai ao caso. Como eu já me mudara para Fortaleza, ele viajou sozinho para o Piauí e arranchou-se na fazenda do avó, situada a 15 quilómetros do centro da capital.
Trabalhava durante o dia, depois frequentava a escola de magistratura e, tarde da noite, regressava para a fazenda.
Tomava conta da roupa e da comida dele, uma senhora que nós chamamos de Mãe Preta, cujo nome real é Maria, que trabalhara para meus sogros e, com a morte da minha sogra, ficara por ali, Ã sombra da casa grande, dando-nos uma mãozinha com a roupa e com a cozinha, quando íamos por lá.
Pois bem, naquela noite, regressando por volta das 22 horas, meu filho desce do carro, entrou no casarão e, dando boa noite à Mãe Preta, dirigiu-se aos aposentos que ocupava, para dormir.
Pela manhã, ao acordar, notou que a mesa estava posta para duas pessoas. Então, indagou à Mãe Preta:
- Bom dia, Mãe Preta, que bom, vou ter companhia para o café da manhã. Quem está aqui?
- Coloquei duas louças, uma para você e a outra para a moça que veio com você.
- Comigo???
- Sim, ontem a noite, você entrou no quarto e a moça bonita seguiu logo atrás de você.
- Conversa, Mãe Preta, eu cheguei só e Deus.
Escusado dizer que meu filho, e a Mãe Preta ficaram horrizados, pois ela vira, perfeitamente, uma linda moça chegando ao lado do meu filho na casa da fazenda naquela noite.