Não que a conhecesse muito. Mas ela de vez em quando dava uma olhadela, de vez em quando ela dava mole e eu percebia seu intento, mas eu pensava que era ela que eu poderia e ela sempre na dianteira, bem fornida, alegre e desperta para a vida, ela me devorava com olhos de lince e eu que fazia? Só pensava e ela estremecia na cadeira quando eu passava por perto mas disfarçava o que eu já não continha, eu pensava que eu a conhecia mas nunca imaginava o Krakatoa, que içava sua saia de chamas azuis, que penetrava em sua carne macia de chofre, eu pensava que sabia mas que nada, ela dirigia e eu amava, eu pensava que podia mas ela de repente numa fala, num olhar triste, me calava e eu só em riste, ela armava o bote, eu esperava, num telefone público, eu amava, ela insiste, eu desaguava num rio de águas claras e ela me deixava sem ar, eu pensava que sabia de tudo e ela sempre de lado, de olhos enviesados, num balanço de dançarina de tango, louca Argentina, eu sabia de seus maus modos mas eu pensava, que fazer se posso tudo? Nada e ela numa performance de palco, numa jogada de craque, num gole de chope gelado, limpava a boca e com uma esticada de lábios, vamos? Eu que faço? Nada, apenas passo em sua vida, sou um traço de Ibope e ela nada, você é meu príncipe (com riso no olho, eu sabia), e numa aula de hípica, ela me amava, eu adorava o que via e ela nada, nem notava meu louvor em dias pares, que os ímpares eram dela, eu apenas telefonava, ela com lábios silentes, eu amava o que via, ela triste me ignorava, seu príncipe agora era outro, que faço eu? Nada, apenas espero seguir o curso das águas tormentosas que agora, Ã s quatro da tarde, neste calor, com tanta sede, quebrou o pote.