E esta... Heim?!...
À Vossa reflexiva consideração...
O equilíbrio era tanto,
Fernando, que afinal,
para meu final encanto,
és tu hoje o meu beMal...
À SAÚDE DO NOSSO BEMAL !...
Som = Lucho Gatica em "Caminito"
| A partir dos 50 anos, há quase 18 portanto, comecei preocupadamente a apreciar em pormenorizado detalhe os septuagenários, octagenários e por aí fora até ao limite.
Os velhos, oh, os velhos tinham em minha súmula opinativa um genérico feitio tendente à rabujice e intuiam-me a imediata vontade de fugir deles a correr muito.
Entre os muitíssimos idosos que fui conhecendo "Ã laise", interrogava-me, principalmente perante aqueles que apresentavam predisposição e um ar mais acertado com a cultura, para onde, diacho, teria fugido a sabedoria.
Quedava-me pois então sombreado pelo susto sob a imbrogliante equação em apreço, porque num ápice se me punha a imagem do meu envelhecimento a espreitar bem em face de mim.
A descrita ginástica mental teve a virtude de me proporcionar uma profícua e continuada reflexão que me tem subtilmente empurrado para o lado contrário do efeito que me atemorizava, levando-me a desejar avidamente que o futuro me conduzisse ao limiar dos simpáticos e enérgicos velhotes que, apesar da avançada idade, insistem e persitem dar corda aos mais novos a fim de se abastecerem de combustível encefáfico e assim regenerarem a apetência de viver, tal como, por exemplo, o excepcional Fernando Pessa na sua tão exímia e assaz demonstrada arte de bem viver e conviver.
É assim muitíssimo lamentável que haja indivíduos que se aperrem à humilhante desmoralização dos mais velhos, rebaixando-lhes a moral de sobrevirem quanto possível em harmonia, tão-só para gáudio das estranhíssimas entranhas sentimentais que os dotam.
No momento em que escrevo, cerca das 20h00 em Portugal, o meu fidelíssimo Zap-Zap gane em baixinho sincopado e arranha delicadamente na base da porta de saída para a rua. Pois-pois... Voltarei mais tarde fidelíssima e inveterademente usinal - E esta, heim?!...
António Torre da Guia |