Dizem que os apaixonados são doentes, que a paixão seria uma doença da alma, seria uma espécie de loucura dos neurónios, pois que seus ramos, suas perninhas, sonham em se juntar com as minhas e este seu corpo emite estranhas ondas que me fazem refluir do sonho de todas as tardes e pensar em você da manhã até a noite. Seria uma doença mas quando ela existe, o tempo se contrai, como numa viagem à velocidade da luz, numa cápsula do tempo que se guardará eternamente(senão, o que mais nós lembramos da vida?). Num espasmo de dolorida felicidade, num arroubo de um terno abraço, no calor de tua linda e rubra boca, eu me perco em vibrações sonoras que só poderiam, mesmo, sair de ti. Dizem que os apaixonados são movidos a hormónios, ferormónios que os atraem, eflúvios que os repelem e os modificam; lindos são esses amores que ficam, mas são as raridades, bom mesmo é a maré que invade a nossa vida pondo-a pelo avesso, num eterno recomeço de primavera, longe da tristeza do inverno que é estar só.
Dizem que alguns loucos evaporam, outros se atiram, muitos choram de rir, eu tomo meu remédio: Tua linda e sinuosa nuca, teus ombros pontudos e teu olhar triste e brilhoso. Dizem que a paixão é louca, pouco me importa se tanto, o que me digo sempre é que nunca termine o encanto.