Já não vou achar tão gracioso o mesmo jardim sem a presença daquela figurinha especial. Certamente não vou ter tanto cuidado em olhar para os lados e detectar uma companhia diferente.
Nem vou sentir-me cativada por olhinhos que ficavam ávidos em busca de afeição.
Difícil falar do Chico. Apareceu assim, do nada, andando com seu jeito moleque, cercando meus passos e procurando algo inexplicável. Talvez mais que algo que o alimentasse. Procurava um refugio para suas andanças e a liberdade. Já não o aprazia a prisão em que se encontrava. Embora semelhantes estivessem próximos, não era ali que se sentia feliz. Ou, ainda, talvez buscasse apenas vivenciar a alegria de se sentir senhor de si. Poder andar sem destino, para onde seus passos o levassem, sem constrangimento.
Apoderar-se dos lanches alheios, como um reles bandido. E mostrar-se a todos, como dono daquele pedaço de chão.
Pouco mais de 3 semanas onde reinou como Rei das selvas. Mas, uma selva cheia de animais ferozes que o queriam aprisionado.
Dentre tantos, talvez uns poucos que se afeiçoaram à sua imagem... Seu jeitinho de olhar o mundo, como se ele não fosse tão cruel.
Hoje, acho que foi melhor te-lo perdido dessa forma. Pois, nessa terra sem dono, muitas coisas poderiam ter ocorrido.E é muito melhor saber que, embora preso, desfruta da convivência de irmãos de sua espécie, que jamais o machucariam, assim como fazem os humanos.
Mas tenho que agradecer por sua permanência entre nós e pelo carinho que fez despertar em cada um que habita o Parque. Porque era visível a alegria com que todos o olhavam.
Fica essa imagem quase perfeita em nossa lembrança e, para que jamais se apague, guardo outra, que foi tirada em uma de suas andanças e que, felizmente, eu acompanhei.
Obrigada Chico, pois sua presença mostrou o quanto é bom amar.
(homenagem ao macaquinho que apareceu por uns poucos dias, perambulou até que o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres o capturou)