Faltavam 30 minutos para o início das finais do Campeonato Mundial. Edilson chorava compulsivamente nos vestiários: "Não aguento mais, eu preciso sair daqui, eu quero ir prá Bahia.....". Seus companheiros assistiam comovidos: "É o stress", dizia o Grava gastando seu inglês.
Osvaldo olha para os jogadores já prontos para a preleção, quando outro irrompe em prantos comoventes. Era o Vampeta: "Eu também não aguento...eu tó jogando mal...a torcida tá pegando no meu pé....eu também quero ir embora..."
Do outro lado o Marcelinho falava: "É gente. Acho que já fizemos tudo que era possível. O negócio é entrar lá e entregar o jogo mesmo...olha o meu caso, tó jogando com uma puta dor na panturrilha. Não sei se chego ao final do jogo". E, lá do fundo do vestiário o Ricardinho completava: "É...vou jogar, mas não consigo nem andar direito...eu também acho que a gente tá perdido.." Rincón olhava e não acreditava para o que ouvia. Ele rompeu num gesto heróico. "Pois eu vou entrar lá e vou segurar as pontas. No nosso gol ninguém vai chutar." E o Luizão: "Pode deixar que eu corro pelo Marcelinho e pelo Ricardinho.."
Um novo espírito encheu a sala. E eles foram para o campo. Mas como se viu, quase nada aconteceu. Nem o Rincón deixou o Vasco chutar, nem o Edilson fez gol. Zero a zero. Voltaram então para o vestiário. O Ricardinho foi o primeiro a jogar a toalha: "Estourei, não dá pra mim". Alguém então propós: "Eu estou morto, acho melhor a gente perder agora que correr a prorrogação". Outro concordou: "É, nós jogamos quase cem vezes essa temporada, não dá. Chegou ao fim. Vamos perder e voltar pra casa". Rincón, esgotado ia dar seu veredicto. Mas a opinião de desistir era quase unànime. O Osvaldo nada podia fazer. Não se sentia com coragem de pedir mais esse sacrifício do seu time já campeão duas vezes na temporada.
Foi aí que se escutou alguém arranhando o quadro negro com as unhas. Era o Dida. Ele estava sentado na cadeira com aquela sua frieza espantosa. Ele disse: "Pois eu ganho esse jogo pra vocês." Alguns quase riram. Outros perguntara ironicamente: "Você vai trocar de camisa com o Edilson?" "Vocês querem ouvir como farei isso?" Perguntou Dida; "Diga lá, artilheiro", respondeu um cínico.
Osvaldo, você manda todo mundo pra trás. Quero dez no campo de defesa. Todo mundo agora é zagueiro. O resto é comigo.