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cronicas-->A Prima -- 01/11/2007 - 18:49 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Minha prima tinha doze anos e eu treze. Danada de boa, de minha altura e dona de um corpo maravilhoso, a ponto de metade da praia olhar a moça, isto com doze anos!

--Boazuda!

Ela ficava toda sem graça. Ficava, pasmem vocês, sentada o tempo inteiro na esteira de praia, sem levantar porque, senão, a galera exclamava:

--Gostoooosa!

Eu quase fazia coro, prontamente inibido pelo olhar de censura de minha mãe que percebia o "problema" e não a deixava sozinha, de jeito nenhum. Eu, de minha parte, ia jogar futebol, não sem antes olhar com o rabo do olho o motivo do alvoroço: Minha prima, formosa, pequena e sedutora. Bola de praia machuca, a areia come as solas dos pés, não deu uma hora já estava eu com bolhas neste pé de menino de cidade grande. Não teve jeito, tive de parar, estaleiro! gritavam meus colegas de futebol, estaleiro eu pensava, frouxo, murmurava meu irmão mais novo...Fui obrigado a me sentar e neste calor, sabe como é, sem lugar, fui sentar ao lado de...Minha prima!

Só de chegar perto sentia a eletricidade. Cláudia era destas meninas que têm a sensualidade à flor da pele, sabem disto e não aproveitam.

--Vamos para o mar, prima?
--Nem pensar!
--Por quê?
--Seus amigos não me deixam em paz!
--Qual deles?
--Ora, aqueles ali-e apontava a esmo um grupo de meninos que deviam ter uns dezoito a vinte anos, bem mais fortes que eu, malandros e maliciosos; eles realmente vigiavam seus movimentos, sempre um pescoço se erguia quando a pequena musa ameaçava de levantar.

--Ai meu deus, que deusa!

--Está vendo?
--O quê?
--O navio, primo, o navio! Não viu? Foi só me erguer para passar o bronzeador que eles me sacaneiam...

Não sou nem nunca fui bobo. Confrontá-los exigiria de mim uma dose bem maior de coragem que eu supunha ter aos treze anos. Tinha de construir, então, uma espécie de muro invisível que a distraísse de tal assédio. Bom, tive de arriscar...

--Mas, Cláudia. Posso dizer uma coisa?

Meu coração pulava ao peito, minha boca estava seca e minha respiração era rápida e não era por causa do futebol nem do calor que escaldava nossas peles naquela praia cheia de gente. Era ela, Cláudia, minha prima que fazia em mim uma revolução, era ela que frequentava minhas noites de delírio, ela tão próxima, a um dedo-luz de distància e eu ao seu lado...

--E?...
--...
--...Você quer me dizer alguma coisa...
--É verdade. Cláudia, você é muito gostosa, demais de linda, você me enlouquece e todos nós da praia queremos você por perto...Pronto! Finalmente eu disse!
Ela me olhava boquiaberta; pensei que ia estourar de rir, imaginei um vexame público, uma suprema humilhação ( garoto ridículo, primo de merda, seu bostinha, etc...) mas não, nada disto, ela com os olhos fixos em minha mãe, falando baixinho e olhando bem nos meus olhos, me disse, com o sorriso mais maroto que podia ter:

--Olha, vou te dizer uma coisa...Eles podem ser maiores, eles podem ser mais fortes, mas ví você jogando e não é que...te achei bonitinho? Só precisa crescer um pouco, mas se ficar assim está bom, a verdade é que eles me incomodam mas você me atrai...sabia?

Coisas assim, ditas na cara, de chofre, coisas que você jamais espera, notícias dadas assim emocionam! Fiquei fora de mim, olhava os marmanjos de longe e via a cobiça em seus olhos e ela me olhava as pernas e os olhos...Não sei se minha mãe notou algo, sei que eu e Cláudia fomos ao mar, eu pude nadar com ela um pouco e no fundo, enquanto nadávamos, ela se encostou em mim...

Naquela noite, enquanto todos dormiam, ela e eu nos beijamos loucamente. Pude sentir o que metade da praia queria, de perto, ao vivo, em cores e com todas as letras que nosso alfabeto podia expressar.

Não joguei futebol por semanas...
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