Ano vai, ano vem, datas especiais, festas, aniversários e, entre um janeiro e outro, frequentemente nos surpreendemos com a contagem do tempo, marchando inexorável e muito rápido para nossas expectativas.
Acontece que, quando temos 10 ou 15 anos de idade, o tempo passa devagar. Como temos desejos e sonhos que ainda não estão ao nosso alcance, queremos que o tempo passe rapidamente. Entretanto, nessa fase da vida, uma década parece uma eternidade... Mas quando se chega à plena maturidade, a percepção cronológica vai mudando. Aos 60 ou 70, uma década terá passado com muita rapidez, talvez uma incómoda rapidez.
Esse é o inevitável curso da vida. Para mim, para você e para todos. Conciliar-se com essa realidade é uma questão de harmonia e sabedoria. Envelhecer pode ser uma etapa dramática ou harmoniosa. Doce ou amarga. Depende de nós. Depende de nossa arte e de nossa lógica.
É como o inverno. Há que saber entender-se com ele e descobrir o que de bom ele significa. Não é sábio esperar da natureza e da vida apenas uma das suas faces. A vida é feita de elementos distintos, mas interligados. Opostos, mas sucessivos. Temos sol e temos chuva. O dia, depois a noite. O que seria de nós se não soubéssemos o que fazer da noite ou dos dias chuvosos?
Assim acontece em relação à juventude e à maturidade. Deixar que a fase pós-juventude se torne um capítulo triste é não encará-la com inteligência. Afinal, nos mesmos olhos em que antes ardia a chama viva da juventude, hoje brilha a luz da maturidade. Ainda que nos tenham escapado infinitas oportunidades, no balanço da vida a passagem do tempo nunca será perda, mas conquista sedimentada nas experiências, aprendizados e depurações de toda ordem.
Há tempo de plantar e há tempo de colher. E para quem não plantou no devido tempo, há até o consolo de saber que, ainda assim, existem chances de colher muita coisa.
Quaisquer que sejam nossas concepções de vida e nossas convicções pessoais, há duas verdades fundamentais. A primeira: só não envelhece quem morre antes. A outra: a segunda metade da vida também nos abre possibilidades. Cabe-nos descobrir o que colher nessa fase. Descobrir, principalmente, que doando também se colhe.
"O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam. Mas, para os que amam, o tempo é eternidade." (William Shakespeare)