Lutar contra o sono. Sentir que ele está chegando contra a minha vontade. Adiar o momento de ir dormir. Querer, sentir a necessidade de fazer, durante a noite, o que não foi feito no decorrer do dia. Coisas úteis ou inúteis. Não importa. O que vale é não deixar o tempo passar sem que eu sinta que aproveitei o máximo das vinte e quatro horas do dia.
Quantas madrugadas eu já me flagrei dormindo sobre papéis na mesa, olhando o monitor do computador ou mesmo ao sentir um certo cansaço, deitando a cabeça para trás, na cadeira?
Isso não é insónia! Nem é uma alteração de hábitos e horários, porque desde menina eu dei preferência a passar as noites em claro.
Existe coisa melhor do que ver o dia amanhecer? E quando faço essa pergunta, as pessoas me respondem que eu posso ir dormir e acordar antes que isso aconteça.
Ir dormir a que horas? Quando a noite está apenas começando? Depois de um dia de trabalho, uma noite de dona de casa, um jantar enquanto se assiste a novela, mais algum tempo para deixar a casa em ordem, reunião da família, que nem sempre tem todos os membros naquele momento devido aos horários de trabalho em regime de revezamento, como ir para a cama, na hora que todos vão?
E o meu tempo, onde fica? Aquele tempo que deve existir só para mim, no qual eu posso cuidar um pouco do meu corpo, fazer as minhas leituras, ouvir as minhas músicas preferidas, escrever as poesias e cronicas que eu me atrevo a escrever de vez em quando, responder os meus e-mails, corresponder-me com as pessoas que quero bem, navegar pela internet, assistir um filme, pensar, pensar, pensar?
Claro que grande parte da madrugada passa a ser uma continuação do dia, vez que é nesse horário, também, que existe o tempo, o silêncio e a tranquilidade necessários ao estudo, à atualização e à própria redação de peças profissionais. Por que não aproveitar, então, esse tempo que seria perdido se ficasse simplesmente dormindo?
Não nego que é bom dormir. É bom demais até. Mas apenas quando o sono nos domina a tal ponto que já não produzimos, não raciocinamos e os olhos já não nos obedecem.
Esse é um dos motivos que me faz admirar ainda mais os empresários que estão acordando para a essa realidade. Em suas empresas, não existe um horário definido para os seus colaboradores se fazerem presentes no local de trabalho. Eles têm, sim, uma jornada a ser cumprida, mas que obedece ao sistema biológico de cada um, trabalhando, portanto, no horário que mais se adeque ao seu organismo, permitindo-lhes, assim, produzir muito mais.
Definitivamente, eu não tenho insónia. Tenho, sim, uma necessidade enorme de passar a madrugada em vigília, de observar as estrelas e a lua, de ouvir o silêncio da noite e os pássaros anunciando o amanhecer, de ver a primeira luz do dia que chega e a última do dia que se vai, sentindo que aproveitei o máxima de cada dia vivido neste planeta.