Um dia, num dissoluto momento, defronte ao bar, olhando o garçom que servia mais um copo de cerveja, ele pensou duas vezes e arrancou do fundo de sua alma desmesurada, eivada de poéticos instantes divinos e cheia de sábias decisões sobre o Infinito e o Etéreo:
--Preciso ir ao banheiro logo senão eu vou...
Não houve tempo e o garçom, os fregueses todos, as marafonas de lábios exagerados, os gigolós de braços torpes, as bichinhas caquéticas e os iniciantes na maracutaia dos antros da boemia compreenderam que a cachoeira que escorria entre suas pernas não era à toa... O mais forte dos valentões de ocasião quis se indignar, mas outro interveio, segurando-o antes de se levantar:
--Fica quieto, freguês antigo, é dono da Marguerite e de metade da rua Vinte e Cinco de Outubro...
--Ah, bom. Esse mijo é de respeito.