Renovo-me então. Vejo no brilho do dia de Outubro a doce interferência dos teus olhos precipitando a chuva prateada das nuvens benfazejas. Pressinto teu suave respirar por perto, (certamente já o sentiste) e tua lanugem me roça, aveludada...
Existe algo de bom na estação e não são as flores ou o pólen que se espalha no ar perfumado dos jardins paradisíacos em que viveríamos; existe no ar o pergaminho que se fecha em ciclos de vida que se repetem dentro dos passos dourados do escaravelho ou do verme que se transforma em lagarta e voa livre como a borboleta de um sonho diáfano.
Eu renasço em súbitas gotas transmutadas em rios que te tornam princesa; meu respirar te faz inteira e me vejo a teus pés, sedento, louco e mais eterno...Renovo-te depressa e vejo teu andar rápido, um raio que passa viajante, vejo-te fugaz e como é pouco o que vejo, quão mais sonharia ver-te inteira, brilho de pêra suave, fruto maduro de espera!
Não deixa de ser , meu bem, a suave sagração da Primavera.