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cronicas-->MINEIRINHO DE FERRO -- 04/11/2008 - 17:38 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MINEIRINHO DE FERRO




Seguindo a orla marítima, o calçadão de Copacabana contempla a beleza de muitas mulheres "abençoadas por Deus e bonitas por natureza". Talvez lá, num flash do cotidiano, Vinícius de Moraes tenha dito pela primeira vez: "As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental."
De pernas cruzadas, sentado num banco do calçadão, um mineirinho de Itabira folheava as páginas de seu livro de ferro, mal dando conta das deusas que desfilavam de biquíni, a dois palmos de seu nariz. Mais atento, andando no mesmo trecho pedonal , Horácio vê o mineirinho famoso passando as páginas de um livro, alheio ao que acontecia ao derredor. Garotas de Copacabana desfilavam e esbarravam de propósito em suas pernas, mantidas dobradas e recuadas ao corpo, exatamente para evitar tropeções. Horácio resolve interrompê-lo.
- Com que pelejas?
- Luto com as palavras, mas minha luta é vã.
Então, Horácio usou um jargão desde os tempos de Sêneca e de Petrónio: "Litterae nom dan panene ". E acrescentou: Não se ganha muito dinheiro fazendo literatura. Ser escritor não é uma profissão reconhecida pelas leis brasileiras; ninguém pode aposentar-se nessa carreira, e não há sequer um código específico no Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS, que permita o recolhimento de contribuição à Previdência Pública para que, no futuro, o contribuinte se aposente como escritor.
- Nem só de pão vivem os literatos, mas de toda sabedoria que sai de sua boca. - concluiu o mineirinho.
- Isso é verdade. A sabedoria vem daqueles que têm o hábito de ler e escrever. O mudo não fala, porque nunca ouviu o som das palavras, nunca ouviu a voz humana. Do mesmo modo, quem não conversar com os livros é tão mudo e cego quanto aquele que não ouve, não fala, nem vê. Pode até emitir sons ruidosos, imagens gesticuladas; entretanto, estes jamais poderão ser considerados eficazes na comunicação. Contudo, há outras virtudes no homem além das palavras, como, por exemplo, saber ouvir mais do que falar.
- Virtutem verba puta. - disse o mineirinho, lembrando-se do tempo em que estudou Latim na escola.
Enquanto dizia essas frases para impressionar o interlocutor, uma loira escultural que passava parou, balançou as coxas na frente deles e perguntou:
- Qual dos dois me chamou de puta? Se nenhum responder, vou ter que arrebentar os dois...
- Não, minha filha... Ninguém a chamou de puta. Apenas perguntei a Horácio se ele achava que palavras são virtude, e ele me respondeu ao ouvido: "Virtude é ter as ancas dessa loira bem ao alcance da mão."
Mineirinho fechou o livro, despediu-se de Horácio e pegou a primeira condução para Itabira.

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