Numa tarde longa, há pouco, as brumas se adensaram e consolidadas tomaram a forma dos dois corpos em volúpia, esquecidos no sonho em que estavam imersos, numa consonància que só pode ser explicada pelas leis cósmicas, um nó de cordas quànticas ou o simples perfume que brotou de seus poros e tontos que estavam, os fez submergir na paixão absoluta.
Ela, um claro enigma. Sem nenhum sinal, sem estigmas prováveis, uma pequena estátua de caprichosas formas desnudas. Ele, um ser vivido e ávido pela surpresa que o acometeu em um tempo que já era o de esperar; Há pouco se decidiram velozmente pela procura e nos lábios de um se desenharam os desejos do outro.
Foram tantos ais, foram tão intensos os encontros que os pequenos pássaros comovidos lhes davam guarida nas janelas dos lugares em que eles se escondiam para viverem o que lhes era destinado, naquele momento, naquele tempo em que as brumas se condensavam em suas formas enoveladas, pelas leis do princípio cósmico e no silêncio da cantiga de seus corpos.
Hoje eles se aproximam de pouco a pouco, seus universos se tocam em galáxias de diamantes; os remoinhos os deixam cada dia mais próximos da total cumplicidade, pois que se conhecem em profundo desejo. Sem nenhum sinal, sem os estigmas que maculam as formas, pelas leis do imponderável, seus lábios selam o que já se anuncia como a mais perfeita comunhão