Tenho andado pelas ruas, simplesmente andando, sem dar por mim, sem dar por ti, sem dar por nós.
Penso que pequei. Penso que pecamos cada vez que saímos à s ruas sem ver a beleza das arvores; andamos pelo asfalto sem nos dar conta que ali tem suor pesado de gente que trabalha; ouvimos o canto dos pássaros como se poluição sonora fosse, sem agradecer por sua comunicação cantada.
Olhamos as pessoas amassadas nos ónibus, sem agradecer pelo carro; cruzamos a rua quando olhamos o papelão que abriga o sem teto, esquecendo de agradecer a casa com paredes sólidas.
Esquecemos de agradecer a vida. Nunca nos lembramos de tratar os outros como se fossem nós mesmos.
E assim a tolerància se esconde por detrás do stress, e dos ditados populares: "pensar na vida não rende dinheiro", "tempo é ouro", quando tudo isso não passa de coisa de filósofo de mesa de bar, ou não?
Quem de nós acorda e vai até a janela agradecer ao sol, agradecer ao dia, sorrir por estar vivo? Enquanto tantos estão nos leitos vegetando através de aparelhos...
Quem de nós racionaliza e economiza as palavras cruéis direcionadas ao outro, quando nós mesmos não gostaríamos de ouví-las?
Quem de nós se priva de uma paqueradinha enquanto a cara metade trabalha para dividir o orçamento da casa?
Quantos de nós passam por esta vidinha de meu deus olhando o focinho de outro e esquecendo o seu próprio rabinho?
A verdade é que tratamos o mundo como se ele estivesse aos nossos pés e existisse somente para nos servir. Acabamos com a água, poluímos o ar, invejamos e matamos, tudo pelo poder.
Se acha que estou errada: comece a escovar os dentes com a torneira fechada e depois me prove que, ao morrer, todos não viram carniça.