O tema da paz foi o carro chefe neste carnaval, de norte a sul do país. Carlinhos Brow abriu oficialmente o carnaval da Bahia com um discurso em favor do tema.
Escolas de samba do eixo Rio-Sampa também exploraram a idéia.
Na praia de Pirangi do Norte, Natal, a ``guerra de espuma´´ comandou a folia entre pessoas de todas as idades. Foliões armados com sprays de espuma branca nas mãos desencadeando as mais diversas reações. Violentas, risonhas, neutras.
Um anjo caído do céu passou rapidamente pela folia e ficou perplexo: as pessoas precisam lutar. Seja na alegria, seja na tristeza.
A sensação de atingir pessoas no rosto, braços e pernas era fantástica. A criançada e os adultos deliravam ao ``acertar´´ o alvo. E se esse alvo fosse boca e olhos, a farra estava apenas começando.
Fui cair na besteira de ler a embalagem do aerosol: "perigoso se entrar em contato com pele e olhos. Substancia inflamável." Quer dizer então que estávamos armados mesmo?! Então fizemos a ``guerra da paz´´!
E eu que pensava em paz, sentindoûme tranquila ao lado de meu novo e sublime amor fantasiado de rastafari sem a menor preocupação momesca.
Mas o anjo viu coisa mágica também. Chorou ao som do arcanjo Pedrinho Mendes, que comandou os foliões, armado de muita alegria e energia, embalado pelos carnavais antigos, com um toque de reggae.
E lá vinha a banda das meninas dos tambores emocionando a avenida. Verdadeira magia. Nosso anjo trouxe também boas noticias do velho Rei Momo Paulo Maux , hoje no comando carnavalesco de uma grande ``festa no céu´´.
E nessa mistura maluca de ritmos e tradições, com direito a policia, ladrão, anjos, arcanjos, baurús estragados e espuma na cara, terminou mais um carnaval.
Ficamos nós, cansados, lisos, ressacados, saindo da festa da carne e já entrando no ritmo da festa do espirito. A Semana Santa. E haja alegorias!
De festa em festa, vamos enchendo o papo, o saco, o sapo. A instituição católica é poderosa mesmo. Até o carnaval devemos a ela. Agora já não sei se rezo ou caio na folia para aliviar o carma. Deu crise de identidade!
Chamem um médico por favor. Ou um Rei Momo, um psicólogo, um músico, um cardeal...