O telefone tocou e veio a notícia trasmitida pelo servidor do cerimonial do TRT: faleceu o desembargador aposentado Tarcício Lima Verde. E o peso da realidade caiu sobre os meus ombros, mostrando-me duramente que um amigo a mais deixou o nosso convívio para juntar-se aos nossos irmãos e irmãs que já partiram antes de nós. É o chamado de Deus. Cumpre-se a sentença bíblica: vigiai e orai porque não sabeis nem o dia nem a hora.
No velório, manhãzinha, apenas dois filhos, pois as pessoas que passaram a noite haviam ido em casa para voltar para o sepultamento.
Aquelas conversas indefectíveis relatando os últimos momentos, fiapos de recordações de uma vida que se extingue, pelos padrões atuais, ainda bem moço.
A revelação de que a família respeitara a vontade do falecido: nada de ser entubado, nada de prolongar o sofrimento. Apenas, droga para amenizar a dor. E tudo foi muito rápido, até que, sexta-feira, cansado de remar o barco da vida, o amigo sucumbiu e deixou-se levar pelos braços frios da ceifadeira, que a todos, menos dia ou mais dia, carrega para o outro lado da vida.
Muitas reflexões perpassam pelo meu cérebro.
Quando somos jovens, embora sejamos abalados pela morte de um amigo, ainda não nos passa pela mente a idéia de que, cada um deles que se vai, inegavelmente, arrasta consigo um pouco de nós.
E aí seguimos contando cruzes, verdadeiros marcos que se impregnam de nossas próprias vidas, autênticos "chips" feitos de lembranças comuns, memórias gravadas indelevelmente na máquina do tempo.
Bem, Tarcísio, lado a lado, na Corte, compartilhamos momentos inesquecíveis, trocamos idéias, diverjimos, concordamos, mas sempre num ambiente de cordialidade e de franqueza.
Agora, nem sabemos por quanto tempo(porque ninguém sabe o dia nem a hora), estaremos em esferas diferentes, ficando aqui nesta terra tão combalida e sofrida pelas agressões dos homens, recordações imperecíveis da sua passagem. Que Deus receba sua alma no seu Reino e reserve para ela um lugar de merecida Paz.