Comparando os barcos com as pessoas, notamos que as embarcações, em relação ao cais, oferecem variadas posições: existem aquelas que atracam, as que ficam ancoradas e as que, simplesmente, passam ao largo, deixando na visão apenas traços de sua fuga flutuante a ser perder no horizonte.
Bem, quanto aos seres humanos, alguns se arraigam tanto ao nosso viver, que poderemos compara-los aos barcos que não se limitam a chegar ao embarcadouro, pois, na verdade, atracam, tornam-se como que partes de nós mesmos, deixando as marcas inevitáveis e inapagáveis da convivência, do companheirismo, da cumplicidade; outros, por seu turno, quedam-se no ancoradouro, a uma distància qualquer do pier, estão visíveis à nossa volta, mas nunca se aproximam para viver aqueles compromissos e aquelas regras características dos que são partes de nós. Finalmente, existem aquelas que passam ao longe, entremostrando facetas de seu vulto, despertando curiosidades e indagações, mas passam e sequer deixam traço de tal passagem.
Pois é, gente é assim como barco...