Certo dia em que passeava displicentemente por uma rua de uma cidade de um estado, de uma federação, cujas proezas todos já conhecem muito bem, prostei-me diante de uma cena: algumas pessoas ,cheias de pompa, discursavam, sorriam e gesticulavam. Apontavam para algo que eu tentava, inutilmente visualizar.
Oh! Meu Deus! Será que estou ficando cego? Será que terei que trocar minhas lentes, logo agora que estou sem a mínima condição de despender dinheiro?
Esquecendo o que ia fazer, fiquei ali, estático meditando, revisei a história, mentalmente, á minha maneira, pois muito pouco sei a respeito da mesma. Revivi a inauguração das piràmides do Egito. O que fariam os Faraós para inaugurá-las nos dias de hoje? E outras maravilhas arquitetónicas com a torre Eifél, a torre de Pizza, o Colizeu, o cristo Redentor...? Bem, se fosse por aqui, todas as inaugurações , certamente haveria que financiar, em dólares, valores equivalentes à s obras para tanta festividade.
Feriados seriam tantos que os dias quantos fossem as pedras gastas nas construções.
Autoridades? Ah! Viriam os representantes de todos os planetas habitados da nossa galáxia e, talvez, até de outras. É lógico que estou imaginado que até conseguirmos descobrir de onde deveria vir as pedras para as piràmides e como transportá-las para o local, os norte americanos já teriam explorado e habitado toda a vastidão cósmica.
Ouço uma buzina, volto á realidade, estou atrapalhando o trànsito. Estaciono melhor, aguardo um pouco mais, vejo um fotógrafo entusiasmado trabalhando. Percebo então que a máquina que o fotógrafo usava era muito mais valiosa que a obra que estava sendo inaugurada, pois a construção em questão e, que eu não conseguia visualizar antes estava oculta por trás das pessoas que comemoravam a inauguração. Confesso a minha surpresa ao perceber que a tal obra não passava de uma pedra inaugural da construção de uma futura cooperativa e, certamente, teve pouca ou nenhuma ajuda dos que ali se encontravam discursando.
Ficou-me apenas a certeza de que isto será apenas uma pedra no sapato de quem tem realmente o interesse de ver essa obra realizada.