Ando entretido com meus demónios interiores. Eles precisam se manifestar, precisam me aborrecer; preciso saber que minha mãe me batia muito, que meu pai era ausente, que apesar da vida decente que eu vivia eu era um crápula. É fácil? Quer levar para casa? Eu assumo, preciso convencê-los todos que precisamos tomar uma xícara de chá, ao entardecer, junto à s plantações de arroz do Oriente Médio. Existem plantações de arroz no Oriente Médio? Não?
Eu sou uma pessoa difícil, eu reconheço; está mais que na hora de mudar e eles também acham. Vivem me cutucando, vivem me explorando estes danadinhos. Uma hora é de um lado, outro momento é de outro. No entanto, dá para saber que se não fossem eles talvez a minha vida houvesse descambado de vez para o vício e a perdição. Sim, pois que foram eles que me deixaram saber o que preciso fazer para que a vida possa ser mais sadia, mais fluida, menos claustrofóbica.
Todo depressivo tem as fases e é nestas fases que ele se percebe errando em algumas coisas e acertando em outras. Quem me conhece sabe que eu tento mais acertar do que errar! E é assim, mais acertando que errando que eu vou corrigindo meus rumos, meus afetos e minhas teimosias. É assim que vou me fazendo, me reconstruindo, pedra por pedra, bloco por bloco. Falta um tantinho assim para que eu possa de vez voltar ao meu rumo, ora instável. Quem sabe se algum de vocês já não passou por isto! A família sofre, porém depois da tempestade há sempre um sol que nasce das nuvens e clareia tudo à volta; é impressionante como saímos enriquecidos de crises que nos fazem pensar em nossos mais recónditos esconderijos.
É preciso brincar mais, senhores e senhoras, é preciso brincar mais com as palavras e com a seriedade do mundo, que é muito vasto para ficar só em nossas mesmices, é preciso reaprender a andar segundo os próprios passos. Agora que eu sei, começo a renascer qual fênix, posso dizer que quem quiser pode me escrever, pode tentar reaprender o norte, sempre terá um amigo aqui que o possa levantar ou lhe levantar o ànimo.