Olívia Valle Turatti: exemplo de amor materno
A vida, para ela, era uma sonata, que para ser bela era preciso ser tocada todos os dias. Suas palavras, doces e ternas, soavam como música. Havia nela uma melodia brilhando no olhar. De maneira clara e tranquila falava. Oferecia colo, amor e proteção. Amava sem escravizar. Um amor que não cobra, não exige, não restringe. Intensa, doava-se por inteiro. Sua força era natural e sua lógica, simples. Seus filhos não seriam o que hoje são, em essência, se não tivessem absorvido sua luz. A família, para ela, era um santuário. Um lugar da revelação divina.
Exemplo de amor eterno, delicadeza e força, dela emanava uma forte religiosidade, apontando caminhos verdadeiramente cristãos. Não deixava que seus filhos se desviassem da trilha da justiça, da retidão e da honestidade.
Amor de mãe é diferente do que qualquer outra coisa no mundo. O colo de mãe é o único lugar onde o filho pode chorar sem pudores. Ela adivinhava seus desejos, angústias e alegrias secretas. Descobria o desafio de antecipar no tempo o que estava para acontecer. Era intuitiva e sábia. À noitinha, acolhia-os com afeto e os colocava na cama quente e fofa. Gostava de declamar versos para embalar o sono de suas crianças: era tudo o que precisavam, era tudo o que queriam da vida. Olívia era puro amor, o grande alicerce da família.
Despediu-se da vida no final da última primavera. A cena era triste e bonita ao mesmo tempo. Beleza e tristeza se misturavam. A mãe despedia-se dos filhos, sussurrando versos. Os mesmos versos que acalentaram seus sonhos. E em cada estrofe, a vida se esvaia. Lá fora, a natureza já descolorida, as flores murchas nos jardins, as cores esmaecidas anunciavam sua partida. Havia poesia e melancolia no ar.
"Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel". Carlos Drummond de Andrade
Margarida Gonzaga Maselli é pedagoga e colaboradora do OJ.
Fonte: OPINIÃO JORNAL, Araras (SP), Quinta-feira, 21/01/2010, Página 2A.
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O TEMPO
− Passa o tempo tão veloz;
− Passa o dia, meses e anos;
− Vão deixando atrás de nós a alegria e desenganos; como o nosso pensamento eu vejo o tempo passar tão depressa como o vento correm horas sem cessar, aproxima-se a velhice toda cheia de amargura, já vai longe a meninice, juventude, formosura;
− Não despreze os minutos que transcorrem sem parar;
− Todos devem resolutos, o bom tempo aproveitar.
Olívia Valle Turatti
* 07/12/1923
+ 24/11/2009
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"Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!"
LUIZ ROBERTO TURATTI.