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cronicas-->SOBRE ARTE CONTEMPORÂNEA -- 30/08/2010 - 20:27 (thiago schneider herrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Talvez o que mais ouça tolices seja um quadro de museu."
E. e J. de Goncourt


Não se faz mais arte, se denomina arte. A técnica, o artesanato, o talento, a história, tudo foi trocado pelo ato, pela ação, pelo conceito. A produção da obra foi substituída pela denominação de alguma coisa ou objeto ser uma obra. Antes a arte era criada pela mão e mente criativa do artista, respeitando as claras e lógicas regras do jogo. Hoje não, se pega qualquer objeto ordinário do cotidiano e o eleva ao status de obra de arte, sustentando esse ato, essa denominação com indescritíveis asneiras numa tentativa inútil de justificação. Arte por denominação, não por criação. Exatamente por isso o artista não necessita de nenhum talento, de nenhuma técnica, de nenhum conhecimento histórico, social, estético, matemático; de simplesmente nada. Tire uma roda de bicicleta da garagem e coloque-a numa galeria de arte e pronto, temos um objeto ordinário que foi denominado como sendo uma obra de arte. Mas não se esqueça de deixar bem claro que aquilo é uma obra de arte, senão as pessoas que limpam as galerias podem achar que é lixo e jogarem fora. Mas tenha calma, se por ventura acontecer é só pegar outra roda de bicicleta e colocá-la no lugar, já que é um produto industrial e feito em série, e terá milhares por ai espalhadas em garagens ou em ferros-velho a preço de pinga.
Qualquer um pode ser considerado artista hoje em dia, porque tudo o que era pré-requisito para tal, no passado, foi deixado de lado em detrimento de uma massificante publicidade encima desse tal artista. Valoriza-se seu nome para depois valorizar sua obra. O artista virou produto de mercado, direcionando sua produção artística pra alimentar o capital financeiro, porque o intuito final é gerar lucro, sempre, e não obras de arte. Todos saem ganhando, menos os apreciadores de Arte, aquela com A maiúscula que foi feita de 1970 até as pinturas nas cavernas. Da década de 70 pra cá não há nada de relevante, só mentira e manipulação e engodo. Mas posso te garantir que não se importam nenhum pouco com a gente. Podemos não ter experiência e/ou conhecimento nos campos das Artes, porém não somos estúpidos pra engolir qualquer absurdo. Mas acho que eles não estão muito seguros disso e nos tratam como idiotas e aceitamos isso com nossas orelhinhas abaixadas, olhar compenetrado em alguma instalação e vazio por dentro, indiferença, descaso.
Ai a qualidade se torna o segundo, terceiro, quarto, décimo quesito a se considerar. O que fazem primeiro é escolher quais artistas adotarem, ou por indicação, ou por coleguismo, ou porque fazem parte do clubinho, ou porque tem algo que alimente a sanguinária mídia. Talento? Cala a boca. Logo feito isso, o marchand, as instituições financeiras, tipo Itaú Cultural (claro que visam unicamente o lucro, são bancos impiedosos), grupo de investidores, galerias, até museus famosos e grandes, compram suas obras a preços justos, o que quer dizer, pagam algumas poucas notas de dólares que faz jus a sua qualidade. Depois disso fazem uma super e gigantesca produção publicitária encima do nome do artista. Colocam-no na mídia, na TV, em Bienais, na rodinha, criam a sua volta um ar falso de profundidade, de consciência, às vezes fabricam seres de personalidade extravagante, exótica ou anárquica pra sair em revistas, em entrevistas porque tipo assim vende, gera interesse, pra depois que o artista virar uma celebridade essas instituições venderem suas obras a preços exorbitantes - e gerar o que? Lucros inimagináveis a qualquer outro tipo de mercado que exista. Nada gera mais lucro no mundo inteiro que o mercado de arte contemporànea, porque se compra porcaria a preços baixíssimos e as comercializam depois do processo explicado acima a preços inimagináveis. A arte virou refém desse mercado, que se alimenta dela e onde ela come suas migalhas. A arte não passa de uma peça nesse quebra-cabeça. A especulação é sua força motriz. Não importa mais a qualidade da obra, sua unicidade, sua forma de produção, a técnica, se gera emoção, raiva, desconforto, debate. Nada disso importa. O que importa é criar uma celebridade, um pop star, porque depois disso qualquer merda que essa pessoa vier a fazer valerá ouro. Está configurada a inversão total dos valores. Antigamente era um artista na frente de sua obra. Hoje é uma celebridade que produz coisas que denominam arte pra gerar lucro. E muitas vezes essas celebridades criam obras por encomenda; essas feitas por marchands, economistas, advogados, diretores dessas instituições financeiras que entendem de arte tanto quanto entendem de física quàntica. Bom, admito, fazer dinheiro eles sabem, e usam inescrupulosamente obras de qualidade extremamente duvidosa, pra não dizer outra coisa, pra fazê-lo enganando incautos endinheirados dispostos a gastar montanhas de dólares para fazer parte do grupinho, da patota cult e estúpida e arrogante e esnobe e podre do mundinho da arte contemporànea. O que importa é fazer parte, é ser in. Bom, sobre lavagem de dinheiro então, nem se fala...
O resultado disso tudo é o artista que cria sua obra no computador e coloca dezenas de assistentes pra produzi-la sob sua coordenação. Nem toca na obra. Nem suja suas mãozinhas delicadas e frescas porque não sabem como fazê-lo, não possuem domínio técnico algum, desconhecem o básico, o mínimo, o bê a bá. Mas são considerados artistas por produzirem coisas que os comandantes do circo chamam de arte, por pura convenção, vislumbrando o lucro em detrimento de qualquer outra coisa que não isso. E sobre esses assistentes, deve ser frustrante produzir a obra e receber salário mínimo. As celebridades do mundinho da arte não dividem os milhões de dólares que idiotas vão pagar por suas obras com seus assistentes, que são, a meu ver, tão autores da porcaria toda quanto ele. Quem é o pop star? Quem é o artistinha da moda, do momento, o escolhido pra ser o palhacinho do circo, hein, hein?
Com nossos museus respirando com ajuda de aparelhos, implorando por uma ajudinha, mendigando miséria, as instituições financeiras, marchands milionários, grupos de investidores usufruem desse estado terminal e especulam encima do que quiserem porque não há barreiras, não há limites, não há cautela e sobram exageros e excessos. Tudo foi engolido pelo dinheiro e em como gerá-lo. A nossa esperança seria o crítico de arte, porém, o que dizer dos mesmos? No máximo escrevem notinhas para jornais; sendo que esses mesmos jornais também participam da merda toda, também se lambuzam na roda da fortuna. Eles não criticarão seus pupilos porque perdem dinheiro, diminui o lucro, fode o esquema. Que se dane a verdade, a conscientização, a honra. Eles são os donos da opinião pública. Manipulam-nos como argila. Bom, argila esta fora de moda, como a pintura. Melhor dizer que nos manipulam como merda. Fica mais próximo do assunto tratado aqui. Ai o que somos obrigados a engolir? Bienais, galerias, museus de arte contemporànea repletos de obras vazias de sentido, que não emocionam, que não causam nenhum tipo de sensação, que não são nada além de colagens de colagens de colagens de assuntos ultrapassados e já feito magistralmente por artistas do passado, obras gratuitas, simplistas pretendendo serem complexas, pretensiosas, obras manipuladas pela especulação, pelo mercado, ocas, patéticas, vergonhosas, infantis, que riem de nossa cara, que afrontam descaradamente a nossa mínima inteligência. Bom, se essas obras forem de um dos pupilos adotados pelo sistema valerão milhões de dólares e serão compradas por mega empresários que, ou lavam dinheiro descaradamente ou não sabem onde e como gastarem suas fortunas ou querem fazer parte da patota, do grupinho pseudo-cult da arte contemporànea, que cá pra nós, deve ser asquerosa. Um falando mal do outro pelas costas, com seus aspectos de novos ricos, ropinha cool e descolada, jeito de bicha afetada formulando teorias absurdas em frente á uma instalação absurda, fumando seus cigarros caros, com a cara cheia de plásticas, clareamento dos dentes, carregando algum chapéu estranho, ar de quem entende de alguma coisa, porém não passam de uns bitolados que consomem merda a preço de ouro e ainda se exibem e se vangloriam com merda escorrendo no canto da boca.
Duchamp só quis provocar, e o fez de forma magistral com seu urinol, nos idos de 1917. Mas como estúpidos entendem tudo superficialmente, no final das contas ele abriu a porteira pra vacas e cavalos pastarem e defecarem em todo o pasto. Agora mergulha na bosta quem quer. Se de repente eu fosse mergulhar visando a grana, claro, antes eu iria jogar 200 maçãs verdes mordidas por jovens virgens e loiras e canhotas de 18 anos, 100 grampeadores com 7 grampos inutilizados, 50 Big-Macs sem cebola e gergelim e 25 cotonetes que limparam a orelha esquerda de anões suecos e determinar descaradamente que isso é uma instalação. Quanto valeria essa minha genial obra, hein? Isso vai depender de inúmeras coisas, menos de minha óbvia falta de talento, de profundidade e vergonha na cara...

T.S.H.
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